O jornalista e escritor falou sobre sua agenda afetiva e as estratégias que vem adotando para chamar a atenção de pessoas brancas sobre seu papel no combate ao racismo
Texto: Isadora Santos
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Na tarde da última quinta-feira (4), o jornalista Manoel Soares esteve na sede da Meta, em São Paulo, para o lançamento do seu livro “Para meu amigo branco” e para um bate-papo com colaboradores da empresa. O evento inaugurou uma série de encontros chamados Black Sessions, promovidos pelo Black@, grupo de afinidade de pessoas negras e aliados da Meta, em parceria com a agência SUBA.
Durante a conversa, o jornalista destacou a importância de pessoas brancas questionarem a própria existência. “Eu preciso que o branco comece a se questionar. Quero que ele vá questionar os pais dele, os avós deles e que através desse questionamento eles comecem a ter crises existenciais. Que eles questionem a própria existência, o próprio mérito dessa existência. Porque só quando nósacessarmos a psique da superioridade nós vamos, de fato, comprometer o pacto narcisista da branquitude”, declarou o jornalista.
Citando um trecho de “Negro Drama”, dos Racionais, Manoel Soares também falou sobre a necessidade de trabalhar com outra agenda de combate ao racismo. Ao ser questionado por uma das participantes sobre como transformar a indignação a situações de racismo em algo positivo, o comunicador afirmou: “A gente precisa entender que eles não podem tirar da gente a nossa luz. Um dos caminhos é entender que não estou trabalhando o afeto no branco porque eu sou bonzinho, eu estou trabalhando porque eu não vou permitir que ele retire isso”.
O autor de “Para meu amigo branco” ainda complementou sua fala dizendo que “Meu afeto é para que o branco não saque das suas armas de privilégio e atire em pessoas como nós”, reiterou o jornalista.
Manoel Soares também falou sobre o poder do aquilombamento como lugar de cura para pessoas negras. “Eu acho fundamental que a gente encontre também as nossas curas ancestrais e não necessariamente com religiosidade. É fundamental cuidar da saúde entre os seus. Riqueza compartilhada é riqueza abeçoada”, afirmou.
Nathalia Cabral, gerente de parcerias da Meta e líder do Black@, contou que a criação do Black Sessions surgiu da necessidade de aproximar parceiros com projetos interessantes para a população negra da comunidade interna da empresa. “Essa primeira sessão que temos com o Manoel surgiu de um papo informal que tivemos no escritório, quando ele esteve aqui para uma reunião. Ele falou que estava lançando um livro e que queria muito conversar com a gente”.
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