Os racistas não imaginavam o triunfo de Mandela

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Os racistas não imaginavam o triunfo de Mandela
Foto: Divulgação

Texto: Ricardo Corrêa

Não temos dúvidas do que os brancos são capazes para preservar o poder. Não há limites. Eles assassinam. Encarceram. Promovem injustiças. Agem violentamente contra todos que se erguem contra a ordem estabelecida por eles. A ex-pantera negra, Assata Shakur, não pode mais pisar nos EUA. Está na lista de procurados pelo FBI. Malcolm X e Fred Hampton foram brutalmente assassinados. João Cândido, líder da Revolta da Chibata, esteve preso e internado como “louco”. Em liberdade, passou o resto da vida no ostracismo e na pobreza. Zumbi dos Palmares foi esquartejado e partes do seu corpo expostos publicamente; o mesmo ocorreu com Tereza de Benguela, de acordo com uma das versões que conhecemos. Mas, parafraseando os Racionais MC’s, a fúria negra sempre ressuscita. A nossa luta não cessa. Apesar do preço pago por todos esses revolucionários, os ganhos coletivos pela coragem deles são imensos. Devemos honrá-los!

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O sul-africano Nelson Mandela (1918 – 2013), conhecido também como Madiba, é uma dessas pessoas que enfrentou o sistema corajosamente.  Ele nasceu no dia 18 de julho, na aldeia de Mvezo, no Transkei. Desde 2009, a Organização das Nações Unidas estabeleceu nessa mesma data o Dia Internacional Nelson Mandela.

O Partido Nacional Africâner venceu as eleições em 1948, e transformou a segregação racial em lei. A partir disso, o Conselho Nacional Africano (CNA) lançou um programa de enfrentamento às leis segregacionistas, e Nelson Mandela – filiado desde 1942 – começou a ganhar projeção como liderança combativa. Formado em Direito, abriu o primeiro escritório negro de advocacia com Oliver Tambo, colega de faculdade, no início dos anos 50. A sua própria formação política inclui ideias pan-africanistas, nacionalistas, comunistas e socialistas. Ele sempre esteve atento e participando de reuniões com pessoas com visões políticas diversas. Madiba precisou entrar para a clandestinidade, e seguiu no enfrentamento político liderando a luta armada, pois o governo havia iniciado dura perseguição aos opositores. O CNA se tornou ilegal. Mandela, em 1964, foi preso e condenado pelo crime de sabotagem e planejamento de invasão armada; recebeu a sentença de prisão perpétua mais cinco anos.

Enquanto esteve cumprindo a pena, inúmeras campanhas exigindo a sua liberdade ao redor do mundo aconteceram, e a luta contra a segregação racial não cessou. A influência política de Mandela seguia intocável. Em 1985, o presidente Pieter Willem Botha ofereceu a soltura caso renunciasse à luta armada. Ele não aceitou. No dia 11 de fevereiro de 1990, concederam a sua liberdade. E uma coisa é certa: os racistas que o condenaram jamais imaginariam que Mandela estaria nas ruas depois de 27 anos, receberia o Prêmio Nobel da Paz e seria eleito presidente da África do Sul.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOEHMER, Elleke. Mandela: O homem, a história e o mito. Tradução: Denise Bottmann. Porto Alegre, RS: L&PM, 2014.

MANDELA, Nelson. Autobiografia de Nelson Mandela – Um longo caminho para a liberdade. Lisboa: Planeta, 2009.

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