Thaís Pinheiro Andrade Nakamura, 40, flagrada imitando um macaco para mulheres negras no shopping Open Mall The Square, em Cotia, na Grande São Paulo, não compareceu à delegacia da cidade para depor nesta segunda-feira (17), alegando “não estar em condições emocionais”.

Apesar da ausência, a Polícia Civil de São Paulo indiciou Thaís pelo crime de injúria racial. O advogado Waldinei Guerino Junior afirma que ela não foi depor “por problemas psicológicos e emocionais provocados por uma crise pós-traumática” e apresentou um laudo da psiquiatra responsável pelo tratamento de saúde da acusada “há vários anos”.

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“Thaís, com o trauma provocado pela proporção que o caso tomou, não está em condições emocionais de sair de casa e sua defesa solicitou nova oitiva. A crise pós-traumática pela qual Thaís passa se agravou após as declarações da delegada responsável pelo caso, que, de forma precipitada e sem sequer ouvir a defesa, incriminou-a nos veículos de comunicação. Vale frisar que até o momento a defesa também não teve acesso a investigação”, disse Waldinei, em nota à imprensa.

Em uma coletiva de imprensa, a delegada Mônica Gamboa afirmou que o crime era “racismo escancarado” e indiciou Nakamura com base nos vídeos capturados. “Também [me baseei] no depoimento das testemunhas, depoimento das vítimas, no consumo excessivo de álcool e pelo trabalho investigativo”, disse ao UOL.

A delegada diz que o advogado alegou que a mulher tem problemas de alcoolismo e depressão, e aguardará o envio de um laudo psiquiátrico. O inquérito deve ser concluído em cerca de um mês. “A gente vai ouvir esses médicos para saber a veracidade desse documento, e depois o inquérito será relatado e encaminhado ao Ministério Público”.

Se Thais for condenada pela Justiça ao final do processo, a delegada diz que irá avaliar a necessidade de uma prisão preventiva e a pena poderá ser de 2 a 5 anos por crime de injúria racial.

Sem antecedentes criminais e com as redes sociais desativadas, a delegada relata que ficou difícil de saber até a sua qualificação profissional. “O advogado apenas entregou o documento dizendo que ela não viria”, disse.

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Shopping também vira alvo de acusação

O advogado das vítimas, José Luiz de Oliveira Júnior, disse ao UOL na semana passada, que procurou o shopping Open Mall The Square para apresentar uma proposta de palestras sobre racismo para os funcionários, mas ele foi negado. 

Uma ação será movida pelas mulheres negras. “Não oferecer no momento adequado prestação de serviço com relação à segurança e à liberdade que a criminosa teve de sair do shopping sem nenhum tipo de constrangimento podendo até existir a possibilidade do crime de favorecimento real”, disse o advogado.

Em nota, o estabelecimento diz que é contra o racismo. “O shopping é manifestamente contrário a qualquer tipo de ato racista, não tolerando dentro e fora de suas dependências e está a disposição para colaborar no que for possível com as autoridades policiais que estejam à frente do caso.”

“A responsabilidade civil objetiva do shopping é de não ter intervindo imediatamente na situação em relação à segurança para, no mínimo apurar o fato e chamar o 190. Foi necessário deixar o caso público para emitirem nota de repúdio ao racismo”, explicou José Luiz.

Relembre o caso

Na segunda-feira (10), repercutiu na internet as imagens de uma mulher branca incomodada com a presença de uma família de mulheres negras no shopping, localizado na Granja Viana, bairro nobre de Cotia. É possível ver a agressora nervosa após uma das vítimas passar próximo da sua mesa, até que ela começa a imitar um macaco e apontar o dedo na direção delas.

A família estava reunida em três irmãs negras, o marido de uma das vítimas que é branco, e o filho de uma delas. Segundo um relato, as agressões começaram do registro das câmeras. “Do nada, a primeira coisa que ela fez foi tocar no meu ombro e dizer: ‘Vocês são lindas e corajosas’. Eu não entendi muito bem”, afirma. Em seguida, a mulher teria ido até o homem branco para perguntar o que ele estava fazendo “no meio de negras”.

Fonte: UOL

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