Os falsos antirracistas e a irresponsabilidade com as questões raciais

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Os falsos antirracistas e a irresponsabilidade com as questões raciais
Foto: Reprodução

Reconheça que o mundo está faminto por ação, não por palavras.

– Nelson Mandela

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Desde cedo aprendi que se você está disposto a fazer algo, vá até o fim. E tudo que combinar com outras pessoas deve ser cumprido. Lembro que eu e os meus amigos falávamos nos nossos debates “a palavra nunca pode fazer curva”. Mas esse pensamento parece não fazer parte da educação informal dos brancos antirracistas, a irresponsabilidade com as questões raciais é enorme, não cumprem o antirracismo de maneira concreta. Acham que basta escrever no perfil das redes sociais “antirracista” e colocar um punho cerrado (remetendo ao movimento Black Power) é o suficiente. O antirracista deveria agir compromissado na busca de justiça racial e desconstrução da própria teia de privilégios que usufrui; romper o pacto existente entre todos que têm a brancura como marca. Eu desconheço alguém assim. E você?

As atitudes dessas pessoas têm sido insignificante, e não soluciona a realidade desigual. Continuam gozando de vantagens do básico ao complexo, do respeito como seres humanos à participação plena nas esferas de poder. Elas transitam com facilidade no meio dos movimentos negros, colhem protagonismo, alienam e desmobilizam a construção de uma luta radicalizada, portanto, a tarefa de quem está atento é construir críticas para que o nosso povo interdite o oportunismo.

Há muitos benefícios no plano individual e institucional que os falsos antirracistas conquistam. Prova disso são os resultados das eleições (municipal, estadual e federal) em que os votos dos próprios negros são destinados aos brancos, que prometem enfrentar as desigualdades raciais; empresas e organizações lucram, simplesmente, por colocarem negros em propagandas e/ou abrindo vagas em determinados cargos para esse público. Nesse contexto de mercado, a ideia de representatividade serve como isca para conquistar a enorme massa de potenciais consumidores negros, contudo, a cor da pele dos que mandam e desmandam continua a mesma.

Não tenho dúvidas de que os brancos dirão que estou generalizando, mas pouco me importa. Antes de se vitimizarem, deveriam compreender que as críticas sociais não são iguais a ensinar gramática na escola, onde certas regras apresentam exceções e precisam ser observadas nas análises. Ademais, quem não exerce o combate ao racismo que tanto fala, não é confiável.

Em tempo: no recente episódio que resultou na exoneração de Marcelle Decothé, assessora de Anielle Franco (Ministra da Igualdade Racial), o número de antirracistas brancos vociferando “identitários” ganhou força.

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