Por Kelly Baptista, Diretora Executiva da Fundação 1Bi.
Você conhece quantas mulheres negras em posição de alta liderança ou em cargos de gerência? Recentemente, me peguei pensando de novo nessa questão ao me ver em um espaço majoritariamente masculino e branco, no qual as discussões eram sobre temas que diziam respeito a grupos minorizados. Como sempre, me senti solitária e desconfortável.
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É confuso e estranho perceber que, mesmo com o avanço das pautas de Diversidade e Inclusão, inserção no mercado de trabalho e aceleração da carreira de grupos minorizados, a ausência de mulheres negras nos espaços de tomada de decisão ainda é comum.
Quando falamos sobre o aumento do número de mulheres nos cargos de alta liderança das corporações, normalmente isso não contempla as interseccionalidades e nos retemos, assim, a mulheres brancas, cisgêneros, urbanas e com algum poder aquisitivo. Muitas iniciativas que aceleram mulheres para cargos de C-level, sem levar em conta interseccionalidades, acabam corroborando para a manutenção do poder, sem recorte algum.
O que eu quero saber é onde estão as mulheres ou pessoas negras na sua empresa? E quando elas estão presentes, seguem recebendo menos quando comparadas a mulheres e homens brancos?
Em nosso país, mulheres negras ocupam apenas 3% dos cargos de liderança. E recebem 57% a menos do que os homens brancos.
O meu lembrete de hoje vai para os atuais líderes e times de recrutadores: para que o discurso de “mulheres no poder” ou “girl power” faça sentido é preciso destruirmos os vieses inconscientes, que nada mais são do que os preconceitos, estereótipos ou pensamentos tendenciosos sobre determinado grupo social. Permita que mulheres negras, travestis, periféricas e com deficiência tenham as oportunidades necessárias para apresentar o seu talento.
Parafraseando a nossa “Mulher Rei”, Viola Davis: “a única coisa que separa mulheres que não são brancas de todas as outras são as oportunidades”.
Referências para o texto:Censo Gestão Kairós – 2022; IBGE – 2019 e Portal Notícia Preta.
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