Texto: Ivair Augusto Alves dos Santos
Estamos no outono. Na tarde fria de domingo um jovem fez uma palestra no salão da sede da Educafro, numa rua íngreme do centro da capital paulista. Havia cerca de 30 pessoas para ouvir o deputado do Paraná, Renato Freitas. Uma figura magra, alta, de cabelos black power. Sua história é bem conhecida pelo episódio de tentativa de cassação do seu mandato enquanto vereador, depois de um ato realizado em uma igreja católica em Curitiba.
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A bancada branca da Câmara Municipal de Curitiba fez de tudo para desmoralizar, ridicularizar, diminuir a figura gigante do jovem Renato Freitas. Não conseguiu. A comunidade negra do país mostrou indignação pelo ato de injustiça.
O que mais me impressionou na figura da jovem liderança foi constatar que no meio da política poderia surgir um líder franciscano, adepto da humildade, do respeito, do desprendimento material e de vaidades.
Estar sendo testemunha do surgimento de uma liderança moral, política e exemplar de um negro na política me deixou alegre e cheio de esperanças. Que alegria em poder presenciar. A sua fala é calma, consistente, atenta e cuidadosa nas escolhas de palavras e de avaliações críticas da atuação da esquerda e da direita. Não há autocensura, mas o compromisso com os mais pobres, encarcerados, injustiçados e violentados.
A pauta política: moradia, educação e segurança pública foi construída por meio de lutas, na arena violenta da política quotidiana de um parlamentar. Não há espaços para tristezas, lamentações, desesperança e falta de ânimo. Cada momento precisa ser vivido com intensidade.
A plateia durante todo o tempo queria participar, falar, dar depoimentos interagir. Com uma paciência e um sentimento acolhedor, recebeu todos os comentários, mesmo os menos providos de uma lógica. Estávamos diante de uma liderança, acabada e com muito vigor para os enfrentamentos que um jovem negro está habituado a superar.
Um surgimento de um novo Esmeraldo Tarquínio, Padre Batista, Padre Toninho. Hamilton Cardoso, Milton Santos, Márcio Damásio, Eduardo de Oliveira e Oliveira, Eduardo de Oliveira, Antônio Leite, Wilson Prudente e tantos outros que se foram e agora podemos testemunhar uma nova era de políticos herdeiros de Luiz Gama.
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