Quem não se encantou com o vídeo da Mayara Lima, princesa de bateria da escola de samba Paraíso do Tuiutí (RJ), em uma sincronia de milhões no ensaio técnico na avenida, com muita desenvoltura e samba no pé?
O vídeo já alcançou mais de 5 milhões de visualizações e alertou para um problema na maioria das escolas de samba: as mulheres brancas – que não sabem sambar, ocuparem cargos de rainhas de bateria e tiraram a representatividade de mulheres negras que se dedicaram ao samba desde a infância.
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Uma pesquisa levantada pela Alma Preta Jornalismo com 14 escolas de samba no Grupo Especial de São Paulo, são 13 rainhas de bateria e três musas da Águia de Ouro, sendo 8 são mulheres brancas, 7 são negras e 1 é amarela.
Se as musas, que substituíram o título de rainha de bateria na Águia de Ouro, não fossem consideradas no levantamento, as mulheres brancas ainda teriam maior protagonismo entre as rainhas do carnaval. Seriam 7 rainhas brancas, 5 negras e 1 amarela.
No Rio de Janeiro segue o mesmo padrão. Das 12 escolas de samba do Grupo Especial, 6 são brancas, 5 negras, e 1 é amarela.
‘Samba Abstrato’
Com a repercussão do caso da Mayara, foi exposto que a rainha de bateria do Paraíso do Tuiutí, Thay Magalhães, pagou R$500 mil pelo posto e ela teria pedido o ressarcimento ao presidente da agremiação, Renato Thor, com as comparações de desenvoltura no samba entre ela e a princesa.
A página ‘Samba Abstrato’ tem compartilhado vídeos de musas e rainhas brancas das agremiações, que não consideram juz ao título, desde 2015. No Facebook, com mais de 24 mil curtidas, a página apresenta o objetivo do conteúdo. “Não é porque é engraçado, que não é uma análise estética da apropriação cultural no espetáculo carnavalesco”, diz na bio.
Recentemente, a comentarista política da CNN, Gabriela Prioli gerou revolta nas redes sociais ao se declarar “musa intelectual do carnaval” e considerar que estava “descontruindo estereótipos”, após ser apresentada nesta semana, como musa do Camarote N°1 da Sapucaí.
No Facebook, os membros manifestaram o repúdio contra a fala dela, e a concederam o Troféu Musa do Samba Abstrato. Até o momento, Gabriela não se manifestou sobre a repercussão negativa sobre a fala dela na web.
“Hoje a gente vê juíza, médica, pessoas que já tem a voz de destaque em outras áreas, mas que querem ser destaque nessa cultura que não tem nada a ver com essa e quer ser rainha da bateria só porque ela foi duas, três vezes no ensaio”, diz uma das administradoras da página.
E complementa, “Pra quem acompanha o Carnaval, como é o nosso caso, desde antes, quando ele era lá na avenida São João, Avenida Tiradentes e que eram praticamente apenas famílias pretas que frequentavam e não tinha TV Globo porque antes não tinha transmissão, as musas não estavam lá”.
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