O retorno da festa de Iemanjá no ano do seu centenário

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O retorno da festa de Iemanjá no ano do seu centenário
Foto: AFP

Janaína, Inaé, Mucunã, Iara, Rainha do Mar, Iemanjá com seus diversos nomes, mas com a mesma força vital, com o mesmo axé relacionado às águas. Ela controla e ao mesmo tempo é o mar. O mar também é a sua morada. O azul e o branco são suas cores. Com a mitologia dos orixás aprendemos que Iemanjá junto com seu esposo Olodumare criou o mundo e os orixás. Conhecida pela beleza, sedução, amor e maternidade (mãe dos orixás). 

Diversas cidades brasileiras em diferentes dias do ano celebram a divindade das águas. Aqui, neste texto, falarei especificamente da importância da festa que ocorre, ano após ano, em Salvador, no dia 02 de fevereiro. Em 2023, o festejo no Rio Vermelho comemora 100 anos. O bairro onde a festa acontece começa a receber devotos e foliões ainda na noite do dia primeiro de fevereiro. Entre um samba de roda e uma roda de capoeira, as pessoas se encontram para celebrar a dona das águas. Tem início aí a sociabilidade festiva, que abarca tanto o sagrado quanto o profano. A fila para visitar a casa de Iemanjá, localizada ao lado da Igreja Católica de Sant’Ana, começa também na madrugada e se estende durante todo o dia 02. É possível ver, a cada instante os grupos chegarem, são adeptos do candomblé com seus presentes, atabaques preparados para abrirem uma roda. São muitas as rodas na faixa de areia. Muitas são as embarcações que levam os devotos e seus presentes ao mar. O ápice da festa acontece de tarde, no momento em que o presente principal, feito pelos pescadores locais deixam a casa em direção ao mar. 

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Após esta breve descrição, fica a pergunta quando começaram as homenagens a Iemanjá na Bahia? Em Salvador, as homenagens à Rainha do Mar tiveram início em fevereiro de 1923, na época um grupo de cerca de 25 pescadores deram a orixá oferendas e junto com os presentes um pedido: o fim da escassez na pesca e por conseguinte abundância de peixes. 

Iemanjá como todos os orixás são heranças dos nossos antepassados africanos que vieram para cá no processo de exploração colonial. No Brasil, o culto aos orixás foi modificado e é símbolo de resistência negra. O mar tem diversos sentidos, é por ele que antigos reis e rainhas africanas são transformadas em cativos, é no mar que muitos dos nossos foram quando não aguentaram a violência da travessia transatlântica, mas é também esse mar que nos sustentou provendo peixes e outros frutos. Entre o amor e a resistência Iemanjá continua sendo, ao menos em Salvador, a única divindade do panteão das religiões afro brasileiras que têm uma festa popular para si, comemorada no dia 02 de fevereiro. Em 2020, foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Salvador demonstrando assim a importância dessa manifestação cultural e religiosa para a construção da identidade soteropolitana. 

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