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A Esplanada dos Ministérios em Brasília foi palco de algo maior do que um Marcha de Mulheres Negras, vista por muitos apenas como uma celebração feminista. O evento realizado no dia 18, foi histórico e mostrou que apesar da representatividade da mulher negra, em termos demográficos e históricos, as demandas políticas ainda são bem numerosas e carecem urgentemente de revisão e atenção (para não dizer boa vontade do legislativo e executivo). Foi um puxão de orelhas de dimensão nacional em uma nação que ainda enxerga a população negra como minoria, portanto, com menos relevância política.
Em carta redigida pelas mulheres negras envolvidas na Marcha e entregue à presidente Dilma Rousseff há um reconhecimento da “ignorância” do Estado e elas mesmas se oferecem sua colaboração para mudar o que está em vigor.
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“Na condição de protagonistas oferecemos ao Estado e a Sociedade brasileiros nossas experiências como forma de construirmos coletivamente uma outra dinâmica de vida e ação política, que só é possível por meio da superação do racismo, do sexismo e de todas as formas de discriminação, responsáveis pela negação da humanidade de mulheres e homens negros”. Este é um dos trechos da carta que pode ser lida integralmente aqui.
Seria constrangedor se não fosse verdade que os que essas mulheres negras pedem são simplesmente os mesmos direitos que a Constituição Brasileira garante – ou pelo menos deveria – para todos os cidadãos brasileiros. E são elas:
- DIREITO À VIDA E À LIBERDADE
- DIREITO AO TRABALHO, AO EMPREGO E À PROTEÇÃO DAS TRABALHADORAS NEGRAS EM TODAS AS ATIVIDADES
- DIREITO À TERRA, TERRITÓRIO E MORADIA/DIREITO À CIDADE
- DIREITO À SEGURIDADE SOCIAL (SAÚDE, ASSISTÊNCIA SOCIAL E PREVIDÊNCIA SOCIAL)
- DIREITO À EDUCAÇÃO
DIREITO À JUSTIÇA
Foi por isso que elas marcharam – e não podemos esquecer do valor simbólico (negativamente) e lastimável do ataque sofrido por elas, por policiais, em frente às câmeras – para reafirmar o reconhecimento dos seus direitos e exigir a diminuição do racismo e violência contra esse grupo, que teve um aterrorizador aumento de 54% no número de homicídios nos últimos 10 anos (enquanto essa porcentagem diminuiu entre mulheres brancas).
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Se o Brasil tivesse uma face, seria de uma mulher negra e essa mulher tem passado por uma forte crise de identidade. A Marcha das Mulheres Negras é o espelho que essa nação evita encarar.
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