O que aprendemos com Paulo André e Douglas Silva, finalistas do BBB 22

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O que aprendemos com Paulo André e Douglas Silva, finalistas do BBB 22
Foto: Reprodução / Instagram.

O Big Brother Brasil 22 chega à sua reta final com dois homens negros finalistas, pela primeira vez na história do programa. Agora, o atleta Paulo André Camilo e o ator Douglas Silva disputam o prêmio de R$ 1,5 mi ao lado de Arthur Aguiar. Mas além do feito histórico e de estarem, agora, entre as dez pessoas negras que já chegaram à final do BBB, PA e DG deixaram muitas outras marcas com suas passagens no programa.

O respeito, carinho e a afetividade que estabeleceram entre seu grupo de amigos demonstrou, em rede nacional, que os esteriótipos associados a homens negros como brutalidade, falta de afetividade, e tantas outras falácias associadas a meninos e homens negros no país servem ao único propósito de perpetuar uma imagem negativa dos homens pretos.

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Desde antes de entrar no programa, a relação de Douglas Silva e sua filha, expressada em inúmeros vídeos nas redes sociais já deixavam explícito que ele era um cara que valia a pena conhecer mais de perto. O desejo de Douglas de se deixar ver em sua verdade diz muito sobre as armadilhas e condenações que a que o racismo condena pessoas pretas diariamente. Por que um ator, internacionalmente conhecido, o primeiro brasileiro indicado ao Emmy precisaria recorrer a um reality show para ter visibilidade? Porque ser muito qualificado no que faz não é o bastante no Brasil racista.

O mesmo se estende a Paulo André. O atleta levou o Brasil de volta a competições e pódios onde não estava desde a década de 90. Com uma carreira brilhante, precisou recorrer ao reality porque a regra também vale para ele: só ser excelente na sua área de atuação, não basta. E aí, se alia a isso, para além da sua negritude, a falta de políticas governamentais de apoio ao esporte, por exemplo.

O fato é que de toda maneira, os dois chegam vitoriosos e triunfantes à final do BBB deste ano com uma trajetória marcada por honestidade, generosidade e afeto. Construíram em torno de si um grupo pautado em relações de amizade, afeto e cuidado, palavras que frequentemente não são associadas a homens parecidos com eles.

Mas, da mesma forma que milhares de homens negros fazem diariamente no Brasil e no mundo, foram em busca de uma vida melhor e de reconhecimento para eles mesmos e suas famílias. Famílias, aliás, que têm se orgulhado de suas trajetórias e valorizado, a cada passo o esforço destes dois nesta empreitada no programa.

Qualquer resultado que seja diferente da vitória de um destes dois hoje, revela que o modelo de votação do BBB está falido e com os dias contados. Mas, sem dúvida nenhuma, os dois se coroaram vencedores desta edição, mostrando a quem consegue perceber que masculinidade preta e afetividade frequentemente andam de mãos dadas.

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