Por Kelly Baptista*
Recentemente, estudos realizados pelo FGV Social e pelo CEDAPS (Centro de Promoção da Saúde), apontam que a pandemia aumentou as desigualdades entre ricos e pobres no país. Passados mais de dois anos e com o sentimento de volta à normalidade, os efeitos do fechamento das escolas, da redução da atividade econômica e da digitalização das empresas ainda impactam de forma agressiva a juventude periférica.
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Para minimizar este impacto é preciso criar ações efetivas entre os três setores (público, privado e sociedade civil), dialogando sobre inclusão, equidade, diversidade e oportunidade. Assim, será possível pensar em oportunidades para preencher as lacunas deixadas na vida destes jovens.
As formas de trabalho também têm se remodelado, há um aumento de empregos na área de serviços (pensando em áreas tecnológicas) e redução dos cargos mais comuns de entradas para jovens periféricos, como atendentes, vendedores, caixas etc.
Aqui, vale fazer um adendo para a necessidade da inclusão digital: juventudes conectadas conseguem disputar melhores vagas de emprego no mercado formal, já os desconectados se ajeitam nos subempregos.
Segundo a professora Raquel Souza, analista de políticas públicas de ensino médio do Instituto Unibanco, “os jovens precarizados no mundo do trabalho e ameaçados pela destruição de empregos, que se vislumbra com o avanço acelerado das tecnologias digitais, têm cor e classe social bem definidas: são pobres e negros.”
Observando o cenário de fechamento das escolas na pandemia, os anos finais do ensino fundamental e ensino médio foram os mais impactados, com destaque para os estudantes do sexo masculino, pardos, negros e indígenas, com mães que não finalizaram o ensino fundamental. Esses foram os mais afetados pela pandemia, conforme apontou um levantamento encomendado pela Fundação Lemann ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona (Clear), vinculado à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP).
Oferecer oportunidades para a juventude afetada é prioritário, uma das formas mais potentes de resolução é incluir digitalmente esses jovens. A precariedade, a falta de espaço para estudos e a falta de renda diminuem a capacidade de aprendizagem e isso impactará diretamente no futuro e na diversidade do mercado de trabalho, em especial para cargos mais altos.
*Kelly Baptista é especialista em gestão de políticas públicas e diretora executiva da Fundação 1Bi, apoiada pela Movile, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino.
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