Conteúdo sobre aceitação e autoamor que ignora as opressões estruturais é igual ao discurso de mindset meritocrático.
A pessoa acredita e prega que todes no mundo precisam apenas mudar o “mindset” para se amar porque não entende que as estruturas de opressão são uma força que está sempre nos pressionando a fazer justamente o contrário, a nos odiar.
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Geralmente são pessoas que não tem a sua própria existência questionada pela sua cor de pele e acabam trazendo nos seus discursos online a sensação de que quem não se ama, não se ama porque não quer. E não percebe o mecanismo social que nos entrega rejeição o tempo todo.
Eu concordo sim que precisamos parar de pensar sobre nós mesmas da maneira como querem que pensemos, precisamos parar de olhar-nos para como o sistema nos olha, precisamos libertar o nosso corpo, mente e espírito. Dá para fazer isso sim, mas é trabalho para uma vida.
Não é fácil ter auto estima sem renda para se manter, ficar bem na solidão total, estar numa boa quando ninguém te apoia, se sentir segura quando você não tem ouvido para desabafar, se curar emocionalmente sem sistema de saúde , nada disso é moleza, não se resume a foto no espelho.
O que eu venho tentando fazer é estar bem apesar de tudo isso, estar bem enquanto enfrento as opressões, criar caminhos onde essas coisas não me matem e onde enfrentamento também não me adoeça. NÃO DÁ PARA IGNORAR TUDO.
É sobre: como podemos ir nos libertando e ir sentindo o máximo de prazer possível? Como podemos, apesar de tudo isso, nos sentir bem? Como podemos não enlouquecer lutando pela nossa existência? Como podemos também celebrar pelas nossas vidas e não apenas lutar e lutar?
Temos sim, muitas vezes que mudar como pensamos como sobre nós mesmas. Mas esse pensamento não nasce com a gente, esse pensamento é uma estratégia de dominação e opressão que mata pessoas diariamente. Não adianta culpar o indivíduo como se o sistema não tivesse nada a ver com isso.
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