Anielle Franco – Ministra da Igualdade Racial

Não é possível contar qualquer história honesta sobre a pauta da justiça social e racial no Brasil sem ter a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – Seppir como referência e farol. A Seppir, que hoje completa 20 anos, trouxe o Brasil real para dentro do Estado Brasileiro, marcando decisivamente o país com a formulação de políticas públicas específicas, transversais e, até então, inéditas.

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Minha geração frutificou destas políticas, as maiores medidas de reparação que o Brasil já experimentou, consolidadas em importantes marcos legais que interromperam ciclos de violência e exclusão pelas desigualdades. Eu fui cotista da Uerj, me tornei professora, mestra, hoje sou doutoranda e estou Ministra da Igualdade Racial, comandando uma estrutura composta majoritariamente por mulheres negras, competentes e comprometidas, a maioria com histórico de acesso a direitos via políticas públicas desenhadas pela Seppir.   

Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial. Foto: Jacqueline Lisboa.

Esses 20 anos de trajetória nos ensinam muito, inclusive sobre a fragilidade das grandes conquistas, muitas delas desmanteladas e corrompidas nos últimos anos de barbárie. A precarização da vida, que pesa mais nos ombros das mulheres negras e periféricas, a fome, a injustiça social perversa e violenta, tudo ainda repercute no cotidiano da população. O que emerge desse cenário é a nossa força coletiva e democrática, que retomou as rédeas do país, num governo que não apenas reconhece os avanços do passado, como tem coragem para ir além, tendo a promoção da equidade de raça e gênero como centro da gestão. Este é um compromisso negritado permanentemente pelo presidente Lula.

É esse Brasil da igualdade racial que está em radical construção pelas nossas mãos. É o Brasil que preserva a sua memória como riqueza e aprendizado, onde professar a fé é um direito inquestionável, onde o garoto da Maré pode ser um atleta com apoio e fomento, em que o direito à terra é forma de continuidade ancestral, de produção e de geração de vida, em que a nossa juventude negra pode estar viva, estudando, trabalhando, com acesso à equipamentos de cultura, em sua máxima potencialidade. Me emociona ser impulsionada pela memória de tantas conquistas das pessoas pretas que nos antecederam e ter a oportunidade de desenhar coletivamente esse futuro.  

A data da fundação da Seppir foi escolhida por ser o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial e é, também, desde janeiro deste ano, Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações de Candomblé, por lei do Governo Federal em coautoria com nosso Ministério da Igualdade Racial.

Não há outro caminho, só haverá democracia com igualdade racial. Minha imensa gratidão à Matilde Ribeiro, Luiza Bairros, Nilma Lino Gomes, Edson Santos, Elói Ferreira, que pavimentaram e engrandeceram a luta pela superação do racismo. Também por vocês, avançaremos.

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