No dia nacional de combate ao trabalho escravo no Brasil, negros ainda são 82% dos resgatados no crime

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No dia nacional de combate ao trabalho escravo no Brasil, negros ainda são 82% dos resgatados no crime
Imagem: Rony Vieira

O trabalho escravo continua sendo um dos crimes mais bárbaros e comuns da realidade brasileira. No ano de 2019, 1.054 pessoas foram resgatadas de situações análogas ao trabalho escravo em todo o Brasil. Dos 267 estabelecimentos fiscalizados, 111 tinham trabalho escravo, tendo uma alta porcentagem de pessoas negras e analfabetas entre elas.

Segundo um levantamento feito pela “Repórter Brasil”, a cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão entre 2016 e 2018, quatro são negros. Pretos e pardos representam 82% dos 2,4 mil trabalhadores que participaram do resgate. Entre os negros resgatados estão principalmente homens (91%), jovens de 15 a 29 anos (40%) e nascidos em estados do Nordeste (46%).

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Uma grande parte desses dados tem como culpabilidade a má distribuição de renda e a forma em que as pessoas pretas foram “reintegradas” na sociedade após a escravidão. Com o acesso de uma educação, saúde e direitos básicos e sociais negados, a vulnerabilidade em que várias pessoas negras se encontram não é uma surpresa para população.

É uma questão de naturalização das desigualdades, escravizar um homem negro ou tomar a terra de um quilombola é irrelevante e socialmente aceitável, já que somos seres invisibilizados socialmente e economicamente.

O professor e pesquisador, Sérgio Luiz de Souza, afirma que “as populações negras, que são metade da população brasileira, não têm acesso ao ensino superior, ao Parlamento, têm menos acesso à saúde, à educação, são os mais pobres, vivem menos.” 

Infografo: Repórter Brasil

No final do ano passado, Madalena Gordiano foi resgatada após passar 38 anos em Patos de Minas como empregada doméstica, sem registro ou salário mínimo garantido.

Foi apurado que a trabalhadora doméstica, que é negra e não terminou os estudos, morava na casa dos patrões, não tinha registro em carteira, nem salário mínimo garantido ou descanso semanal remunerado.

Segundo o auditor fiscal Humberto Moteiro Camasmie, ela dormia em um quarto pequeno e sem janelas. “Era um quarto com menos de 3 metros de comprimento por 2 de largura, abafado e sem ventilação”.

A mulher trabalhou primeiro para a matriarca da família e depois para o filho, que é professor universitário.

Madalena é só mais uma dos 2.043 pretos que se encontradas anualmente em trabalhos escravos no Brasil. Pessoas que trabalham por um prato de comida e vivem em locais com 5 metros quadrados, não podem conversar com ninguém além de si mesmo e seus patrões e funcionários que vivem da mesma maneira que eles.  

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