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O trabalho escravo continua sendo um dos crimes mais bárbaros e comuns da realidade brasileira. No ano de 2019, 1.054 pessoas foram resgatadas de situações análogas ao trabalho escravo em todo o Brasil. Dos 267 estabelecimentos fiscalizados, 111 tinham trabalho escravo, tendo uma alta porcentagem de pessoas negras e analfabetas entre elas.
Segundo um levantamento feito pela “Repórter Brasil”, a cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão entre 2016 e 2018, quatro são negros. Pretos e pardos representam 82% dos 2,4 mil trabalhadores que participaram do resgate. Entre os negros resgatados estão principalmente homens (91%), jovens de 15 a 29 anos (40%) e nascidos em estados do Nordeste (46%).
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Uma grande parte desses dados tem como culpabilidade a má distribuição de renda e a forma em que as pessoas pretas foram “reintegradas” na sociedade após a escravidão. Com o acesso de uma educação, saúde e direitos básicos e sociais negados, a vulnerabilidade em que várias pessoas negras se encontram não é uma surpresa para população.
É uma questão de naturalização das desigualdades, escravizar um homem negro ou tomar a terra de um quilombola é irrelevante e socialmente aceitável, já que somos seres invisibilizados socialmente e economicamente.
O professor e pesquisador, Sérgio Luiz de Souza, afirma que “as populações negras, que são metade da população brasileira, não têm acesso ao ensino superior, ao Parlamento, têm menos acesso à saúde, à educação, são os mais pobres, vivem menos.”
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No final do ano passado, Madalena Gordiano foi resgatada após passar 38 anos em Patos de Minas como empregada doméstica, sem registro ou salário mínimo garantido.
Foi apurado que a trabalhadora doméstica, que é negra e não terminou os estudos, morava na casa dos patrões, não tinha registro em carteira, nem salário mínimo garantido ou descanso semanal remunerado.
Segundo o auditor fiscal Humberto Moteiro Camasmie, ela dormia em um quarto pequeno e sem janelas. “Era um quarto com menos de 3 metros de comprimento por 2 de largura, abafado e sem ventilação”.
A mulher trabalhou primeiro para a matriarca da família e depois para o filho, que é professor universitário.
Madalena é só mais uma dos 2.043 pretos que se encontradas anualmente em trabalhos escravos no Brasil. Pessoas que trabalham por um prato de comida e vivem em locais com 5 metros quadrados, não podem conversar com ninguém além de si mesmo e seus patrões e funcionários que vivem da mesma maneira que eles.
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