O constrangimento do privilégio branco. Era isso que eu esperava ao assistir o documentário. Alô,Privilégio. Aqui é Chelsea, que entrou no extenso “cardápio”da Netflix.

Chelsea Handler, que apresenta e produz o documentário,  é uma famosa comediante americana, branca, loira, com um histórico de namorados negros, um deles o rapper 50 Cent e um passado profissional repleto de piadas racistas. Uma vez, ela disse que o filho vietnamita de Angelia Jolie seria “um terrível motorista, com unhas incríveis”. Um anão hispânico, também era um destaque de um programa de TV que ela apresentou por anos, sem contar que Uganda fazia parte do título de um dos seus livros, best-sellers, que ofendeu parte da comunidade afro-americana ( ela mesmo confessa hoje, que errou).

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O  primeiro romance interracial de Handler, faz parte desse filme e ele mostra bem algo que gera incômodo, pelo menos em mim, uma mulher negra: explorar as narrativas negras de pobreza e violência para justificar a temática do programa feito para educar brancos.

A disparidades raciais discutidas ao longo do documentário, soam como algo novo e talvez entrevistar pessoas branca ricas, geraria mais interesse de quem realmente precisa fazer parte da conversa.

Bom, mas não é papel dos documentários informar? Sim, obviamente, porém o conceito básico do privilégio branco é como a sociedade decide quem tem benefícios ou não, quem vence, perde, que é seguro, ou perigoso, quem é feio ou bonito, apenas pela cor da pele. Estamos falando sobre estruturas raciais criadas por pessoas brancas e elas que deveriam ser a maior parte das pessoas ouvidas no documentário e mais uma vez, no passam o microfone.

O autor Tim Wise, homem branco, autor do livro Dear White America, é uma das presenças brancas necessárias durante o doc. Ele traz falas importantes sabendo o seu lugar como homem branco, mas destacando sempre que as pessoas negras estão cansadas de falar sobre raça com eles. “Privilégio dos branco é um problema dos brancos. Se torna um problema para os negros, porque nós (brancos), não lidamos com isso” destaca o autor.

Uma reunião com republicanas brancas é o que fez o documentário valer um pouco a pena. Ouvir mulheres brancas falando basicamente sobre serem contra cotas e nem saberem o porquê disso, valeu pelos pouco 64 minutos do filme.

Uma delas , aliás, disse que nunca havia pensado que não ter medo de polícia, era um privilégio branco. E é isso, o se dar bem por ser branco, também está nos detalhes. Quando alguém vier com discurso do pobre branco sofredor, lembre-o disso.

No mais, fica a dúvida se brancos terão interesse em ver pessoas negras falando sobre suas questões. Convenhamos que se eles realmente quisessem, um programa desse talvez nem seria necessário.

Eu como negra me senti incomodada vendo mais do mesmo, chorei em alguns momentos, quando eu queria mesmo é me entreter vendo pessoas brancas se esforçando ou realmente interessadas em entender que pessoas negras usufruem, ainda em raros casos, de ferramentas de reparação e que privilégio negro, não existe.

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