O longa-metragem de Betão Aguiar conta com muita religiosidade, ancestralidade, poder, musicalidade, dança e estética. O filme foi gravado durante o carnaval baiano, e acompanha os bastidores de alguns dos tradicionais terreiros de candomblé de Salvador, que deram origem aos principais blocos afros da cidade: Bankoma, Cortejo Afro e Ilê Ayê.
O filme mergulha por completo no universo do carnaval baiano, se atentando aos detalhes que permeiam os preparativos e as preparações durante os seis dias de festa, visitando de perto a beleza, a musicalidade, a alegria e a fé das pessoas envolvidas. O longa também aborda os desafios e a realidade paradoxal que não fica visível na avenida e as ferramentas utilizadas pelas comunidades afro-baianas para resistir e manter as mensagens vivas nos espaços dedicados ao chamado “carnaval do ouro negro”.
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A produção de Betão Aguiar trata-se de um grande momento de visibilidade, em que é exibido todo o trabalho social que é desenvolvido ao longo do ano dentro dos terreiros, e que há décadas vem transformando a vida das populações dos bairros da Liberdade, Portão e Pirajá, onde atuam os blocos.
Os blocos afros em questão exercem papel fundamental na reapropriação cultural, enaltecem a negritude, a beleza, a história, a religiosidade, toda riqueza e força dos antepassados africanos e isso é abordado de forma poética no filme. “Samba de Santo – Resistência Afro-baiana”, nos mostra também esperança, ao transparecer o protagonismo da mulher, o respeito às questões de gênero e o acolhimento sem preconceitos de qualquer pessoa que precise de ajuda.
“Reconhecer estes mestres e grupos como agentes da cultura contemporânea e não com um olhar folclórico que os deixa fadados ao passado, nos faz perceber o quanto a nossa cultura é viva e está em constante transformação. E quanto precisamos aprender com eles nesse momento que estamos vivendo”, disse o diretor, indicando o tom político que o filme flerta em muitos momentos.
“Samba de Santo – Resistência Afro-baiana” faz parte do acervo ‘Mestres Navegantes’, projeto que Betão Aguiar iniciou há dez anos ao pesquisar e registrar a cultura popular brasileira pelo viés da música.
O longa-metragem conta ainda com depoimentos de Mameto Kamurici, Vovô do Ilê, Dete Lima, Val Benvindo, Vivaldo Benvindo, Aloisio Menezes, Veko Araujo, entre outros personagens integrantes dos grupos.
O projeto tem patrocínio da plataforma Natura Musical.
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