Não podemos continuar a votar em políticos que ignoram o racismo e o genocídio da juventude negra

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Não podemos continuar a votar em políticos que ignoram o racismo e o genocídio da juventude negra

Galois, uma escola de elite de Brasília, promoveu um torneio esportivo e produziu uma das cenas mais repugnantes de racismo. Jovens brancos agrediram alunos de uma escola franciscana com gritos de “macaco”, “pobrinho” e “filho de empregada”. Visconde de Porto Seguro, escola centenária e tradicional de São Paulo, foi denunciada por prática sistemática de segregação racial e social entre estudantes bolsistas e pagantes.

O jornal Folha de São Paulo registrou uma importante pesquisa realizada pela organização Observatório da Branquitude em que fica evidenciado que as escolas públicas em que a maioria dos estudantes é negra têm estrutura pior do que as unidades em que a maior parte das matrículas é de brancos. Essa desigualdade é percebida na existência de bibliotecas, laboratórios, quadra de esportes e até mesmo rede de esgoto.

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Estas denúncias gritam de como a educação tem se apresentado como um campo de promoção do racismo, onde as elites das grandes escolas privadas não se esforçam para realizar uma educação antirracista. E o poder público, na figura de políticos e gestores, tem se omitido sistematicamente e naturalizado o racismo.

Estudantes negros são os que estudam em escolas com menos recursos. Quais parlamentares, prefeitos e governadores se propuseram a enfrentar o racismo na educação? “Sem dar as mesmas condições, que deveriam ser básicas e asseguradas a todos os estudantes brasileiros, não podemos esperar que os mais vulneráveis ascendam na trajetória escolar”, diz Carolina Canegal, coordenadora de pesquisa do Observatório da Branquitude.

Em São Paulo, uma renomada advogada, Maís Moreno, organizou um encontro com a deputada federal por São Paulo, Tabata Amaral, reconhecida por sua luta em defesa da Educação. Apesar da minha atuação política em mais de 50 anos, fiquei profundamente surpreso ao conhece-la. Uma liderança jovem que inspira atenção e esperança, pela sua vibrante atuação no Congresso e uma juventude com desprendimento da velha política. No breve contato, percebi uma determinação e um respeito à história dos militantes do movimento negro, que renovou esperança de traduzir em ações afirmativas. É um começo do novo, mas sem negar que há um passado que pode contribuir com o presente.

Vivemos no Estado de São Paulo governos que são exemplos do atraso, da negação da história do negro na política, manifestações dos órgãos públicos que ignoram as leis nas áreas da educação e saúde para a população negra, que tão duramente foram conquistadas no Congresso Nacional.

A tragédia do racismo em São Paulo, apoiado por governantes e gestores, públicos alimenta uma prática que limita as oportunidades das pessoas negras ao acesso a uma cidadania plena. A inação dos governos em implementar políticas antirracistas em São Paulo é respaldada por uma velha política que menospreza as reivindicações e ideias da juventude negra, da população negra e de lideranças negras.

Tudo está perdido? Precisamos promover o debate com a população negra sobre a nossa participação no processo eleitoral que se avizinha O debate deve ser levado a todos os candidatos com perguntas simples, incluindo também perspectivas de diferentes gerações. O que ele fez para implementar a lei que garante o ensino da História do negro? Quantas emendas orçamentárias apoiaram iniciativas que atendem a melhoria da qualidade da educação da população negra? Como a prefeitura implementou a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra? Quanto foi investido nessas políticas, quais foram as emendas orçamentárias? Quais foram as iniciativas para combater o genocídio da juventude negra?

Perguntas simples que devem ser feitas a todos os candidatos, além de observar com muita atenção qual o papel que os negros desempenham durante o processo eleitoral. O racismo praticado por candidatos é um indicador que nossos votos não podem e não devem ser endereçados a eles.

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