Não estamos só: precisamos nos lembrar dos povos negros da Colômbia

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Não estamos só: precisamos nos lembrar dos povos negros da Colômbia
Foto: Reprodução

Quando falamos sobre a América Latina de modo geral, sempre vêm à mente rostos brancos. No cenário artístico, celebridades como Maluma, Shakira, Bad Bunny, J Balvin e Karol G frequentemente aparecem como representações latinas, mas por que não lembramos dos nossos hermanos negros? Fora do Brasil, os afrodescendentes também existem e resistem, assim como nós, e precisam ser lembrados, como é o caso da Colômbia, o segundo maior país da América Latina com afrodescendentes, que vem lutando dia após dia contra o racismo.

Segundo o censo da Colômbia de 2018, os afro-colombianos representam 9,34% da população do país. São mais de 4 milhões de negros que querem e lutam pelos seus direitos, que há muito tempo foram negados.

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Diferente do Brasil, a população negra não é dividida entre pretos e pardos. O governo colombiano decidiu identificar a população afrodescendente como comunidades negras, que são conjuntos de famílias de ascendência negra, com o objetivo de “revelar e preservar a consciência de uma identidade”, segundo o Art. 2º – Lei 70 de 1993. Os negros são divididos entre afro-colombianos, Raizal e Palenquera.

Raizal | Foto: Radio Nacional de Colombia
Palenquera | Foto: Getty Images

A cada dia que passa, os afro colombianos também vêm ocupando mais espaços importantes para a mudança de políticas públicas. Na última eleição, o país elegeu a primeira vice-presidente negra, Francia Márquez. “Em primeiro lugar, não pertenço a nenhuma minoria, não somos minoria. O que somos é uma maioria que foi excluída. […] As minorias são as 47 famílias que governaram neste país; mas nós, os excluídos, os empobrecidos e racializados, os violados que nunca tiveram seus direitos garantidos, somos a maioria neste país”, disse a vice-presidente em uma entrevista em 2022.

Vice-Presidente Francia Márquez

Em pouco tempo de mandato, Márquez e o presidente, Gustavo Petro, reconheceram a importância da luta por direitos. No final de 2022, o governo criou o Ministério da Igualdade e Equidade, que assim como o nosso Ministério Racial, tem como objetivo cria políticas públicas para diminuir a desigualdade racial. 

Eles também possuem sua própria data do Dia da Consciência Negra. No dia 21 de maio é celebrado o dia do afro-colombiano. Há também outros momentos e eventos para comemorar a cultura negra, como o Festival Petronio Álvarez, considerado um dos maiores festivais voltados para a cultura afro da América Latina. O evento acontece em Cali, considerada a segunda com a maior população afro no continente. 

Mas mesmo com celebrações e conquistas recentes, a população negra, assim como a indínega, foi uma das mais afetadas pela Guerra Civil que assombrou o território colombiano por diversos anos no século passado e continua deixando seus resquícios. Mortes, desempregos e segregação são problemas que continuam a fazer parte da vida da população colombiana, que aos poucos vai resistindo.

Por fatos históricos ou por a busca por direito ser a mesma nos dois países, os negros do Brasil e da Colômbia possuem suas semelhanças quando o assunto é resistência e cultura. Por isso, é importante lembrar que há povos que, assim como nós, lutam por dias melhores e pelo fim da desigualdade racial.

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