Consciência Negra é saber que o povo negro não resistiu passivamente à escravidão e usou de todos os meios ao seu alcance para se libertar. ― Nei Lopes
A maioria da população brasileira aprendeu que a democracia racial é uma realidade, inclusive, parcela do povo negro acredita que apenas o próprio esforço é o suficiente para uma sobrevivência digna. Isso nos demonstra que o racismo é complexo, e tem a capacidade de se apoderar da consciência de suas vítimas. Mas não acontece de uma hora pra outra, demanda de um arsenal de argumentos racistas repetidos em exaustão. Nos espaços escolares ouvíamos que o Brasil era um paraíso racial, pois, negros, brancos e indígenas conviviam sem problemas. O discurso oficial comparava a realidade brasileira com o regime de segregação racial sul-africano (Apartheid) e as leis racistas (Jim Crow), nos Estados Unidos; e como neste país não existia uma política de Estado equivalente, os negros deveriam levantar as mãos para o céu.
Notícias Relacionadas
Pele negra utilizada como prova para condenação criminal. E a assustadora explicação do Judiciário (Parte I)
FOTO 3X4: Rudson Martins – Produtor de Elenco
A assinatura da Lei Áurea, no dia 13 de maio de 1888, determinando a Abolição da Escravidão, também foi um instrumento dessa alienação; os professores ensinavam que a Princesa Isabel, sensibilizada com o sofrimento dos escravizados, acabou com a escravidão. No entanto, a mentira não foi o suficiente para calar o Movimento Negro, e impossibilitar a desconstrução dos discursos a serviço do racismo. Na realidade, o Brasil nunca foi uma democracia racial, e a abolição da escravidão não foi dada de bandeja, ocorreram lutas e mais lutas; ademais, como disse o pan-africanista Abdias do Nascimento “a Lei Áurea não passava de uma mentira cívica. Sua comemoração todo ano fazia parte do coro de autoelogio que a elite escravocrata fazia em louvor a si mesma no intuito de convencer a si mesma e à população negra desse esbulho conhecido como ‘democracia racial'”. O Dia de Zumbi e Consciência Negra ― Lei nº 12.519/2011 ―, é um dos exemplos vitoriosos da luta dos movimentos negros contra essas narrativas dos brancos. Celebrado no dia 20 de novembro, homenageamos a resistência africana contra a escravidão e a memória de Zumbi dos Palmares, herói quilombola, assassinado nessa mesma data, em 1695.
O debate sobre o racismo está massificado, o sentimento de pertencimento e coletividade tem aumentado no nosso meio. Nem mais um passo atrás! Os negros começaram a compreender que só a luta pode trazer conquistas. E se dependesse da vontade dos brancos, não teríamos as cotas raciais, ações afirmativas, obrigatoriedade do ensino nas escolas da História e Cultura Afro-Brasileira, reconhecimento do racismo como crime, incentivo à diversidade e inclusão, nas organizações e empresas, reconhecimento oficial de personagens negros da história etc.
Aliás, nem a Lei Áurea existiria.
Notícias Recentes
Câmara de Salvador aprova projeto para adaptar capelos de formatura a cabelos afro
Dicas de desapego e decoração ancestral para o fim de ano com a personal organizer Cora Fernandes