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Paulo Vieira estreia dia 21 de outubro, às 21h30 no GNT como apresentador do reality show culinário Rolling Kitchen Brasil e o fato dele ser negro foi um dos principais fatores pelo qual ele disse sim ao convite do canal do grupo Globo. “Gostaria muito que as pessoas nos vissem, enquanto o povo preto no nosso melhor. Não só pelo que eu entreguei de trabalho, mas o que eu entreguei como imagem. Eu queria realmente que as pessoas me vissem como queremos ser vistos. Prósperos, ricos, elegantes, bonitos”. O tema é de grande estima para o ator que cresceu admirando a química dos seus pais na cozinha. “Eu cresci vendo isso, a música tocando, cerveja no copo e os dois cozinhando juntos. Culinária pra mim é amor”, descreve o ator e apresentador que conversou com o site Mundo Negro sobre esse novo desafio em sua carreira.
“Rolling Kitchen Brasil” é um reality show gastronômico feito por casais famosos que gostam de cozinhar. No programa essas duplas devem preparar duas receitas complementares e de um mesmo tema. No entanto, cada um deles estará em uma cozinha separada. Para animar a competição, a cada quinze minutos, o palco gira 180 graus e um assume a cozinha do outro, preparando o prato de comida do ponto em que seu par parou. O melhor prato, vence a competição. “O programa também usa esse game para falar de relacionamento, de amor, de todas as formas de amor, enaltecer o amor. Que é o ingrediente principal do relacionamento”, detalha Paulo.
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Nessa entrevista exclusiva, ele conta mais detalhes sobre o impacto desse novo desafio na sua vida profissional, como o fato de ser negro impactou nas suas escolhas e ainda nos conta quem manda bem na cozinha da casa dele.
Mundo Negro – Pela primeira vez você vai assumir um programa sozinho e em realities o apresentador têm uma grande responsabilidade pela dinâmica da apresentação. O que te ajudou a conduzir o The Rolling Kitchen? Foi seu lado ator, coisas que você assistiu e pegou como referência , a curiosidade sobre a harmonia entre os casais na cozinha ou nada disso?
Paulo Vieira: “O que me ajudou a conduzir o programa foram os meus anos de talk show. Passei quase três anos ao lado do (Fábio) Porchat e ele me confiava bastante responsabilidade. Tanto que no final, a gente quase que dividia todo o programa. E também porque o Fábio é uma pessoa muito generosa, a ponto de eu assumir o programa. Uma vez ele tava viajando e eu fiz um ao vivo, com o Gugu. Esse tempo de show, de programa diário foi o que mais me ajudou. Até falei para ele o quanto aquilo tinha sido importante pra mim.“
2) Um homem negro conduzindo um reality com uma pauta tão levre e divertida é raro de se ver na TV. A questão da representatividade é algo que você reflete sobre ao abraçar os seus projetos? Você pensa na audiência negra que se sente contemplada pelo o que você representa e num canal tão relevante? Do outro lado como audiência, como é essa questão para você?
“Não dá pra você ser artista negro no Brasil e não pensar na pauta racial. Isso tá sempre comigo. Inclusive, foi um dos motivos que me fizeram aceitar estar nesse programa. Aos poucos, a gente tem deixado para trás a falta de pretos apresentadores na televisão. Tem de ter mais! Me vi com esse convite na minha mesa e o fato desse combate estar tão quente, foi o motivo de aceitar o desafio. Assumi essa responsabilidade e não queria fugir dessa luta, não só apresentar um programa no Grupo Globo, como de estar a frente de um programa no canal mais chique do grupo, que é o GNT. Não é só um preto apresentador, é um preto apresentador num canal elegante. E eu quis fazer por onde. Caprichei nos looks, na apresentação. Gostaria muito que as pessoas nos vissem, enquanto o povo preto no nosso melhor. Não só pelo que eu entreguei de trabalho, mas o que eu entreguei como imagem. Eu queria realmente que as pessoas me vissem como queremos ser vistos. Prósperos, ricos, elegantes, bonitos…“
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3) Na vida real, cozinhar juntos pode ser tão legal quanto sair para jantar. Pelo o que você tem visto no seu programa ou que pode dar mais certo e o que pode dar mais errado quando um casal decide cozinhar junto.
“A questão é que tudo isso cai por terra quando você coloca o fator competição. Porque, a partir do momento em que a pessoa errar uma receita, não é um problema. Mas, a partir do momento que você está competindo com um outro casal, aí que a coisa apimenta. A competição é o que mais movimenta esse programa. Principalmente quando você tem casais extremamente competitivos, que é o caso dos nossos. O programa também usa esse game para falar de relacionamento, de amor, de todas as formas de amor, enaltecer o amor. Que é o ingrediente principal do relacionamento.“
4) Como é a sua relação com a cozinha? Gosta mais de doce ou salgado? Você e sua esposa têm o hábito de cozinhar juntos e quais são os pratos que você acha que feitos em casa ficam mais gostosos do que comer fora ou pedir pelo aplicativo?
“Cozinha pra mim é afeto. Então, tem tudo a ver falar de amor e usar a cozinha como cenário pra isso. A minha vida foi ver meus pais cozinhando juntos. Inclusive competindo. Porque meus pais têm uma briga de quem faz o melhor tutu, o melhor macarrão. A gente precisa ficar dando postos quase como orda culinária. Eu cresci vendo isso, a música tocando, cerveja no copo e os dois cozinhando juntos. Culinária pra mim é amor. Eu gosto muito de cozinhar. Adoro cozinhar para as pessoas que eu amo. Não sei escolher entre doce e salgado. É a mesma coisa que pedir para uma mãe escolher um filho pra morrer. Eu não consigo escolher, todos têm espaço no meu coração. Cozinho para a Ilana, porque ela não sabe fazer nada na cozinha. Minha vida é alimentar aquela garota. Nunca pediria no aplicativo uma comida de casa: arroz, ovo frito, feijão. O aplicativo nunca vai conseguir trazer um ovo frito igual ao da sua mãe. O dia que isso acontecer é porque o mundo tá acabando e tá acontecendo alguma coisa muito errada. Então comida de casa é em casa.“
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