Ser jogador de futebol, sargento da aeronáutica, sambista, ter segurança financeira, carteira assinada, ser respeitado. Quantos sonhos podem caber em um homem negro? Em ‘Mussum, o Filmis’, o icônico Antônio Carlos que marcou gerações como comediante, mostra que todos são possíveis, mas tudo também requer grandes sacrifícios, inclusive para lidar com o racismo recreativo em uma época que não havia essas reflexões.
Imagino que tenha sido um grande desafio fazer a cinebiografia de um homem negro que foi estereotipado por tanto tempo, sem perder a essência do humor e a sensibilidade do artista. Mas Silvio Guindane nos faz refletir sobre a importância de ter um diretor negro nestes filmes. Afinal, ele conseguiu transformar a história de Mussum em uma bela homenagem a uma pessoa que, antes de ser um grande comediante, vivia outros sonhos e realidades.
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Dito isso, como já cantava Mussum com o grupo Originais do Samba: “O que dá pra rir, dá pra chorar”. Ailton Graça e Yuri Marçal, que vivem o sambista na juventude e na vida adulta, foram perfeitas escolhas para o papel, já que eles também puderam mostrar o talento de ser mais do que dois homens negros engraçados. Eles emocionam o público em cenas sobre os dramas que ocorreram na família e no profissional. Em especial o Ailton, que é o que mais revive a vida de Mussum no longa, pois é quando ele já está mais famoso como sambista e aos poucos, dá início à carreira como comediante.
Thawan Lucas também já nos mostra um grande talento para dar vida ao Carlinhos, como era carinhosamente chamado na infância. Sua atuação remete a inocência de um menino negro e periférico do Rio de Janeiro, que além de muito inteligente, sonhava em ser jogador de futebol, acompanhava uma roda de samba escondido da mãe Malvina, e sempre a ajudava com o que era preciso.
Dona Malvina, interpretada por Cacau Protásio e Neusa Borges, chega com uma grande importância na história de Carlinhos. Ela é parecida com as nossas mães, tias e vizinhas. Mulheres negras que se desdobram para manter um emprego, cuidar dos filhos, garantir a melhor educação possível, mesmo que elas não tenham tido a mesma oportunidade. O início e o fim do filme, se trata justamente desta relação tão forte entre eles. É ainda mais emocionante perceber como Cacau e Neusa também foram valorizadas ao serem escaladas para uma personagem tão relevante, que faz jus a grandeza da carreira das duas.
Aos amantes do samba, fica o recado: o longa irá retratar uma grande conexão de Mussum e os Originais do Samba com outros grandes sambistas da época, que nos faz sentir vontade de dançar assistindo o filme. Destacando inclusive, a Mangueira, sua escola de samba de coração.
Já aos que gostavam de assistir Os Trapalhões, a cinebiografia irá mostrar um lado egoísta e ganancioso de Didi (Gero Camilo), que faz com que Mussum, Dedé (Felipe Rocha) e Zacarias (Gustavo Nader) fiquem insatisfeitos.
Por fim, o filme também revelou a verdadeira razão da morte de Antônio Carlos, e ele ganhou uma homenagem à sua altura. Valorizem o cinema negro e nacional! ‘Mussum, o Filmis’ estreia nos cinemas em 2 novembro.
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