Mulheres negras do nordeste falam sobre valorização dos cabelos naturais e buscam protagonismo

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<strong>Mulheres negras do nordeste falam sobre valorização dos cabelos naturais e buscam protagonismo</strong>
Foto: Freepik

Mulheres negras assumindo e valorizando seus cabelos crespos e cacheados estão cada vez mais presentes na mídia, promovendo a importância da representatividade da nossa estética. Enquanto nas ruas de São Paulo e Rio de Janeiro é comum encontrar mulheres com diferentes estilos de cabelo, como solto, trançado, volumoso ou curto, surge a pergunta: como é a realidade nas demais regiões do Brasil?

Na última sexta-feira (09), a Seda Boom promoveu um bate-papo com as paraibanas Larissa Santana e Soraya Caetano, durante a Festa de São João em Campina Grande, Paraíba. Durante o evento, elas compartilharam as histórias de seus cabelos e discutiram a experiência de ter cabelos crespos e cacheados na região nordeste, onde ainda são considerados “diferentes”.

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No bate-papo, que aconteceu no Parque do Povo, onde a festa é realizada, elas dividiram suas experiências com o Mundo Negro. A estudante de educação física, Soraya Santana, 22, contou que nunca fez alisamento, mas que como consequência dessa decisão ouviu com frequência as pessoas criticando seu cabelo, ela também relatou que demorou para conseguir encontrar produtos e inspirações para continuar usando seus cachos. Além disso, a estudante relatou que passou boa parte da vida escolar usando os cabelos presos para evitar bullying, quando morava em Taperoá, no interior do estado. “Eu nunca dei importância [para os comentários], mas aí chega um momento que aquilo fica entubado na cabeça”, disse.

A jovem também revelou que uma tia tentou alisar seu cabelo enquanto ela dormia, durante uma festa de família. Mas ao longo do tempo, Soraya foi aprendendo a amar seu cabelo sem deixar que comentários afetem sua autoestima. “A Soraya de hoje olha para trás e está feliz porque hoje eu aceito meu cabelo.”.

No caso da jornalista Larissa Santana, 31, o fato de ter crescido com uma família branca a fez alisar seu cabelo por muito tempo. Ela conta que a transição aconteceu só na faculdade, quando uma amiga disse que ela deveria deixar o cabelo natural. Inicialmente a resposta foi “nunca”. Até que Larissa resolveu dar uma chance e hoje não se arrepende da decisão. “A partir daí que foi a virada de chave da minha vida, porque eu não mudei só o cabelo, eu me aceitei”, revelou Larissa que hoje é referência e inspira outras mulheres em Campina Grande. “Eu não tinha nenhuma referência de mulher cacheada perto de mim para me dar essas dicas”, complementou.

Morando em Campina Grande, as jovens afirmam que ainda são questionadas por usarem os cabelos naturalmente cacheados. “A gente está conquistando esses espaços, mas ainda está longe, pelo menos aqui”, disse Soraya que já teve pessoas próximas questionando “por quê cacheado?”. Mesmo com os preconceitos elas não pensam em voltar atrás e continuam incentivando quem quer passar pela transição capilar e cobrando mais protagonismo para as mulheres da região. “Se quer ganhar espaço, tem que dar espaço para as pessoas daqui”, reforçou Larissa.

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