Dados divulgados pelo I Inquérito sobre a Insegurança Alimentar no Município do Rio de Janeiro – o Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro, mostraram que mulheres negras, com baixa escolaridade e no trabalho informal são as principais vítimas da fome na capital fluminense. De acordo com os dados, a insegurança alimentar grave atinge 7,9% das residências.
O relatório mostra que 489 mil pessoas na cidade do Rio de Janeiro não têm o que comer. Entre os grupos mais vulneráveis, destacam-se os lares chefiados por pessoas negras, onde a fome é uma realidade em 9,5% dos casos. Além disso, 8,3% das famílias comandadas por mulheres também sofrem com a falta de alimentos.
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O estudo, realizado entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, mostra como a população é afetada pela fome de forma desigual na cidade. A Área de Planejamento (AE) 3, que abrange a Zona Norte sem a Grande Tijuca, é a mais afetada, com 10,1% das casas enfrentando insegurança alimentar grave. Lares com menor escolaridade também são severamente impactados, com 16,6% das famílias sofrendo de fome. A situação é ainda mais crítica nos domicílios onde a pessoa de referência está desempregada (18,3%) e em casas com renda per capita mais baixa (34,7%).
Rosana Salles-Costa, professora e pesquisadora do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ), explica que “o perfil da pessoa que passa fome no Rio de Janeiro reflete as desigualdades nacionais. As famílias em insegurança alimentar grave são majoritariamente chefiadas por mulheres, pessoas negras ou pardas, com baixa escolaridade, desempregadas e com renda inferior a um quarto do salário mínimo per capita.”
O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro, fruto de uma parceria entre a Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro e o INJC/UFRJ, é a primeira iniciativa municipal no Brasil a mapear a insegurança alimentar em detalhes. No entanto, as políticas públicas existentes são insuficientes para atender a demanda. Os três restaurantes populares municipais, localizados em Bonsucesso, Bangu e Campo Grande, cobrem apenas 6,9% da população. As cozinhas comunitárias e o programa Prato Feito Carioca foram acessados por apenas 2,1% dos moradores entre agosto e outubro de 2023.
Comparação com Dados Nacionais
O percentual de fome no Rio de Janeiro é quase o dobro do índice nacional, que é de 4,1%, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE divulgada em abril. No estado do Rio de Janeiro, a taxa é de 3,1%, ressaltando a gravidade da situação na capital fluminense.
A pesquisa também avaliou a insegurança hídrica, revelando que 15% dos lares cariocas enfrentaram fornecimento irregular de água ou falta de água potável. Nessas famílias, 27% também sofrem com a fome. As áreas mais afetadas pela escassez de água são o Centro e a zona portuária (24,3%), além da Zona Norte sem a Grande Tijuca (21,7%).
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