Morte do humorista Rodrigo Amendoim reforça a urgência em se discutir a saúde mental da população negra

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Morte do humorista Rodrigo Amendoim reforça a urgência em se discutir a saúde mental da população negra

“Estou em paz. A minha alma sorri de felicidade ”. Essa foi a última mensagem de Rodrigo Amendoim, humorista baiano, de apenas 24 anos, que foi encontrado morto em seu apartamento, em Lauro Freitas (BA), na noite de sábado (28/10). 

Amendoim, assim como a jogadora de vôlei Walewska Oliveira (43) que faleceu em 21 de setembro, eram pessoas preocupadas com a alegria e bem estar do próximo. A jogadora de vôlei se dedicava a palestras com foco em disciplina e sucesso. Amendoim via suas redes sociais aumentarem ( ele tinha um milhão de seguidores na noite da sua morte)  fazia seus reels bem humorados, misturados com mensagens sobre luz e fé. 

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Recentemente, ao ser entrevistado para um podcast  Amendoim recordou a infância, típica dos meninos negro brasileiros que lidam com grandes responsabilidades antes da adolescencia. “Minha irmã me criou, mas eu também trabalhava desde muito jovem, tinha responsabilidades em casa. Com 12 anos, eu saía com uma caixa de geladinho nas costas, com 100 unidades, e tinha que voltar sem nenhuma”, desabafou.

Ainda na infância, ele lida com o abandono. “Fui criado por ela até os 12 ou 13, e eu não era brincadeira. Minha irmã não me aguentou e me deu para meu pai. Fiquei um tempo com ele e ele também não me aguentou e me colocou para fora. Meu próprio pai me colocou para fora de casa”, detalhou.

Quando pessoas famosas tiram a própria vida, isso muitas vezes chama a atenção para a necessidade de conscientização sobre a saúde mental e os desafios que a depressão apresenta. A pressão da fama, expectativas públicas, críticas constantes e outros fatores podem agravar a luta contra a depressão.  Quando se é negro outros fatores são somados, como racismo, violência e pobreza.

“Saúde mental não é brincadeira, depressão não é frescura […] Isso acontece todo santo dia”, disse Jojo Todynho em um vídeo publicado neste domingo.

“Não quero abreviar o suicídio do jovem mas alertar da necessidade ética da gente cuidar um dos outros, para além das aparências alegres e com milhões de seguidores. Quem está estourado? A estrutura psíquica do negro. Sejamos mais afetuosos com pessoas negras. Porque você não está na cabeça e no coração do outro”, disse a pesquisadora e escritora Carla Kotirene, em sua rede social.

“Homens, em geral, não falam sobre sua vida e problemas pessoais e são criados para serem “provedores”, terem sucesso sempre e caso não sejam de um padrão X, raramente são elogiados ou se permitem mostrar-se vulneráveis”, refletiu o empresário baiano Paulo Rogério Nunes.

A morte é a consequência mais extrema da depressão, um problema cada vez mais discutido, mas pouco racializado. Não é apenas uma questão de âmbito particular, das famílias afetadas, mas uma questão social e urgente.  Terapia e medicação salvam vidas e no caso de quem sofre, pedir ajuda é fundamental. Quem não tem a quem recorrer pode usar os serviços do Centro de Valorização da Vida.

O CVV  https://cvv.org.br/ funciona por de chat, e-mail e também por ligações telefônicas,  por meio do número 188.  O sigilo é respeitado. Por ser um serviço do SUS, todas as ligações são gratuitas, seja pelo telefone fixo ou celular. 

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