Katiúsca Ribeiro, filósofa e mestra em filosofia Africana, relatou em seu Instagram que durante a palestra “A importância da Filosofia Africana no combate ao racismo estrutural“, realizada no dia 24 de março, “aconteceu algo absurdo“.
O evento organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia (CAFil) da Unicamp, como abertura do ano letivo para a recepção dos calouros, teve a presença da filósofa como conferencistas na mesa “A filosofia Africana e o racismo estrutural“. Segundo Katiúsca, nesse evento ocorreram invasões à sala de transmissão e atos de violência com diversos xingamentos racistas e sexistas. “Inclusive, alguns falaram que ali não era meu lugar que o lugar de mulher é na cozinha e que merecemos ser estupradas e o pênis enfiado na garganta para nos silenciar, sendo apresentado vídeos contendo imagens de estupros e mais xingamentos“.
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A caracterização explícita de um ataque de cunho racista e sexista, se evidencia quando se constata que a única mesa atacada foi a de uma mulher preta com abordagem em filosofia Africana e racismo estrutural. “Na ocasião convidei minha mãe para assistir e ela ficou apavorada e com medo“.
Estamos em um tempo histórico de extrema vigília e controle. Os corpos de pessoas pretas são alvo constates das esferas genocidas do Estado. O ataque sofrido na Universidade Federal de Campinas – Unicamp na mesa: “A filosofia Africana e o Racismo estrutural”, demostra a ferocidade do racismo e seus tentáculos na sociedade brasileira. Aliás, ataques como esse, apenas nessa mesa, afirmam como as estruturas filosóficas hegemônicas criam um modelo de sujeito universal que estrutura a realidade social desde sempre.
No entanto, respirei fundo abrimos outra sala e segui com conferência … Continuei com o núcleo de consciência negra e juntos reagimos, o que queriam não aconteceu acabar com a mesa, minha passagem ali era poderia até ser passageira mas diversos estudantes negros permaneceram na universidade e acredito em povo e não poderia abandona-los.
Atenção aos Racistas e Machistas: Mulheres pretas e seu povo não serão mais silenciadas“, finalizou Katiúsca Ribeiro em publicação.
A Universidade Estadual de Campinas emitiu nota repudiando o ato e convidou a comunidade a somar-se ao repudio e a se manter alerta para impedir que episódios como esse voltem a se repetir; Confira:
“A Direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas e a chefia do Departamento de Filosofia se solidarizam com a pesquisadora e professora Katiúscia Ribeiro pelo ataque racista e sexista que sofreu de covardes anônimos durante a palestra “A importância da Filosofia africana no combate ao racismo estrutural”, realizada no dia 24 de março. O evento, organizado pelo O Centro Acadêmico da Filosofia (CAFil) e pela representação discente do curso de Filosofia era parte das atividades da Calourada 2021, com o tema “O Racismo Estrutural”.
Repudiamos veementemente este ato violento, perpetrado por pessoas que não aceitam a presença de mulheres, sobretudo de mulheres negras, em lugares de destaque na universidade pública, na docência e na pesquisa. Não é o primeiro ataque que sofremos, e provavelmente não será o último. O Instituto de Filosofia e Ciências Humanas reafirma sua vocação democrática e inclusiva e seu compromisso com a promoção da justiça e da igualdade social, racial e de gênero. Convocamos toda nossa comunidade somar-se ao repudio e a se manter alerta para impedir que episódios como esse voltem a se repetir e para que possamos criar um espaço virtual seguro para o desenvolvimento do pensamento crítico e a defesa dos valores que partilhamos.“
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