Depois de uma fala do presidente Lula, que condenava as ações do governo de Israel em Gaza, e as comparava às atrocidades nazistas, uma horda de pessoas de diversos setores da sociedade brasileira, quase todos brancos, manifestaram seu repúdio à fala do presidente. Era possível ver jornalistas dizendo que nunca se deve mencionar o holocausto para compará-lo com qualquer outro genocídio promovido ao longo da história.
Desde este episódio, fiquei bastante reflexivo sobre a comoção seletiva e a hipocrisia de muitas destas pessoas. Vários deles pediram, ou defenderam, o impeachment de Lula, mas votaram em Bolsonaro depois dele ter, praticamente, dito no programa Roda Viva, da TV Cultura, que a escravidão foi culpa dos próprios negros.
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Estes também são os mesmos que acham justo promover um massacre na Palestina, porque vamos lembrar que há uma desproporção de forças neste conflito, em nome do combate ao Hamas, mas não acham nada razoável Putin bombardear a Ucrânia para combater grupos neonazistas.
Quais são as vidas de civis que importam mais, entre árabes e europeus, para estas pessoas? Aqui, vemos aquele argumento de que “todas as vidas importam” caindo por terra. Também acho interessante como eles defendem que não se deve mencionar o holocausto em vão, mas sempre que podem banalizam a escravidão. Colocam nomes em restaurantes de “senzala”, criam motéis temáticos com correntes e grilhões, se trabalham um pouco mais dizem que viraram “escravos”. Penso como várias destas pessoas reclamam de que tudo hoje em dia é racismo, mas não fazem essa mesma fala sobre antissemitismo.
Por esta última, há uma grande comoção e nós sabemos bem o porquê. Não quero aqui comparar sofrimentos. Inclusive, nós, negros, devemos ser radicalmente contra ao que os nazistas submeteram o povo judeu. Até porque, os campos de concentração antes de serem usados contra os judeus foram testados em africanos das etnias Hererós, da Namíbia, pelos alemães no século XX. Mas quando o assunto é o brasileiro branco e seu sentimento de justiça, fica claro que estamos diante de pessoas que apoiam a existência do estado de Israel como uma forma de reparação histórica contra o povo judeu, mas aqui no Brasil são radicalmente contra cotas raciais como reparação para a população negra. Estes são os nossos “humanistas”.
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