Por Fernando Sagatiba*
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Não vou entrar no mérito da questão médica, porque ainda não pesquisei informações suficientes pra definir se sou a favor de quem queira vir da gringolândia para trabalhar onde nem os nossos compatriotas foram – nem os motivos de não terem ido – nem vou tentar ser contra, exibindo esse falso-ufanismo-fascista de que ninguém pode vir, só os nossos… Até porque, sendo brasileiro ou estrangeiro, o fato é que não há sequer equipamentos, então, a balança pode pender pra qualquer lado que haverá uma razão. Vou falar das manifestações de racismo e preconceito sócio-racial, porque, você sabe, disso eu entendo de longa data. Primeiramente, vamos à grande questão: Se seu problema é que médicos de terras estrangeiras venham fazer o trabalho dos que aqui estão, mas que, por algum motivo, não foram lá, fácil resolver, apenas se manifeste sobre o fato de haver tanto médico aqui pra ter a necessidade de chamar gringos. Se o lance é esse, que se questione a iniciativa e que se proteste com quem bolou e executou esse plano de, sei lá, contingência. Nunca vi, no mundo, alguém estar descontente com um prato de comida e reclamar que o cozinheiro é fisicamente incompatível com o que você acha que é o certo. Reclame da comida que foi preparada e servida, oras! Do contrário, você está apenas reforçando minha teoria de que ninguém é preconceituoso até que esteja diante de uma situação que te desperte essa sua falha de caráter – e de intelecto. Ex.: “Eu respeito todos, desde que me respeitem”. Aí, o cara é tratado com arrogância por alguém, mas, ao invés de reagir proporcionalmente ao agravo (coisa que a própria constituição prevê), apela para o clichê de destacar alguma característica física que seja estigmatizada na sociedade. Tipo, um ‘não’ seco é passível de se questionar o porquê, mas não de xingar de gordo, preto, velho, bicha, sapatão, mulher de TPM/mal comida, baixinho, feia, etc, etc…
Aqui, o ilustrador tenta amenizar sua ação, como o jogador de futebol que quebra uma canela e estende a mão pra levantar o adversário agredido. E o agradecimento (a uma crítica?!) ao final, é o tom da sua ironia. |
Atitudes como as que estão brotando por aí, como a da jornalista Micheline Borges, ou do cartunista Dalcio Machado, nos mostram como o preconceito está lá doido pra sair, e, vendo um “monte de negros” “invadindo” seu precioso país, já tem um impulso neo-nazista e – desculpe o pleonasmo – clichê estúpido, já querem bater uma história de que estão tirando seus empregos, ou que eles não merecem respeito. Afinal, se o problema é com o governo, que se ataque o governo, nunca vi cubano nenhum se referindo ao Brasil daquele jeito. Nem nas antológicas partidas de vôlei entre nossas seleções femininas.
Sim, é preconceito, Micheline. E fascismo. Não, não te perdoo. Agora foge dos holofotes dizendo que está abalada com a repercussão. Tinha direito a só uma estupidez, mas resolveu cometer duas DUAS! |
Uma curiosidade: Repararam que a mídia deu mais destaque ao fato de se comparar médicos cubanos a empregadas domésticas e o fato de isso ter se originado de um racismo medieval ficou, mais uma vez, em segundo plano? Não que a classe ‘doméstica’ não mereça a mesma atenção, porque merece sim e nossa luta é por respeito igualitário, ou seja, pra todos os que são excluídos ou inferiorizados sem merecer, mas é descaradamente sintomático isso, hein! Mais um caso enorme de negação/amenização do racismo. Aí, fica mole falar que não é tão sério assim o assunto. E outra, sempre que um discriminado da sociedade aparece em posição social que não a de “subserviência”, rapidamente aparecem manifestos dessa podre natureza. É o negro que não pode ser médico, porque você não aprende assim na TV, é a doméstica que ainda te faz pensar (?!) que elas são servas e não funcionárias profissionais, fora os outros caos, como as mulheres que sofrem preconceito em posições de liderança, idosos, gays, e por aí vamos nesse caminho de lama não-medicinal.
Essa tem raiva do dinheiro “mal gasto” e deseja a morte de quem veio, e não combate quem gastou esse dinheiro. Tão estúpida quanto neo-nazista, e ainda psicótica. |
Estamos precisando de médicos? Sim, de médicos, de cartunistas, de jornalistas e, principalmente, de educação!
Nunca canso de explicar, porque tem gente que não cansa de ser babaca. |
Aposto que esse pessoal faz compras no Pão de Açúcar.
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