Uma mãe decidiu registrar um boletim de ocorrência contra uma professora de escola municipal na Zona Oeste do Rio de Janeiro, após sua filha de sete anos ter sido vítima de uma ofensa racial por um colega de turma. Glaucia da Silva, auxiliar administrativa de 40 anos, abriu a queixa na 35ª DP (Campo Grande) contra a professora da turma de sua filha, matriculada na Escola Municipal Antônio Austregésilo, em Bangu. Segundo Glaucia, a maneira como a professora conduziu a situação a deixou ainda mais indignada, pois considerou que a docente também agiu de forma racista.
Depois de saber o que aconteceu com a filha, Glaucia contou para o jornal O Globo que procurou a professora da turma para resolver a situação. No entanto, a docente respondeu com um áudio longo que Glaucia afirmou que não teve paciência para ouvir até o final. A mãe da menina disse que, em seguida, a professora enviou uma mensagem de texto, onde teria escrito: ‘Você é um pouco mais claro que Gabriela. Por que faz isso?’.
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Na mensagem, a professora também contou que que explicou que “nós não somos um povo puro, mas de sangue misturado”: “Imagino a sua dor, inclusive semana passada falei superficialmente sobre a história do Brasil e que nós não somos um povo puro, mas de sangue misturado. Pois uns são de pele mais escura, outros são com a cor mais clara. Eu chamei a atenção dele! Eu falei com ele por que ele estava fazendo isso? Que cor ele tem? Pra ficar chamando a Gabriela de Macaco ou Preta. Eu falei: ‘Você é um pouco mais claro que Gabriela. Por que faz isso?’”. Para Glaucia, a fala da professora também foi racista.
Glaucia da Silva procurou a delegacia para registrar um boletim de ocorrência por injúria contra a professora no último domingo (30). Ela questiona a resposta que a docente deu ao menino quando se referiu às ofensas sofridas pela filha ”Quer dizer que se o menino fosse branco ele poderia falar aquilo?”.
Entenda o caso
Em março, Gabriela Vitória da Silva, de 7 anos, foi xingada de “macaca preta” por um colega de turma, na sala de aula, na Escola Municipal Antônio Austregésilo, em Bangu, na Zona Oeste do Rio. A professora repreendeu o garoto dizendo: “Você só é um pouco mais claro e sabe que cor tem”.
“O garoto me chamou de macaca preta. Eu me senti muito triste, fui chorar no banheiro. Eu não estou indo para a escola às vezes, só um dia e pronto”, contou a criança em entrevista.
Gláucia da Silva, mãe de Gabriela, descobriu o que aconteceu apenas no dia 18, quando a filha passou a não querer mais ir à escola, inventando desculpas para evitar frequentar as aulas. “Eu a arrumava, mas, quando estava pronta, a condução quase chegando, gritava que a barriga estava doendo”, disse Gláucia.
“Ela foi no banheiro da escola sozinha para chorar? Como uma criança de 7 anos faz isso, vai sozinha chorar no banheiro para os coleguinhas não rirem dela? Não é mimimi nem vitimismo, é algo real que acontece todos os dias”, reforçou a mãe.
Dias depois de ter descoberto o que aconteceu com a filha, Gláucia procurou a direção da escola, que prometeu que mudaria a menina de turma e de professora, mas a mãe contou que não está obrigando a filha a frequentar as aulas e que pensa em mudá-la de escola.
A mãe afirmou que Gabriela, caçula de três irmãos, ficou mais sensível e chora por qualquer coisa depois de ter passado pela situação de racismo.
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