Após quase cinco anos do Lujul – Cozinha Consciente, comandado pelo chef proprietário Julio Cardoso, o restaurante fechou as portas na semana passada, em São Paulo. O estabelecimento, que ficava na Vila Madalena, foi uma grande referência da culinária italiana, vegetariana e vegana.
“Eu senti a necessidade de colocar um rumo nele. O destino acabou, fazendo também que tivesse um racha na sociedade do restaurante, com o fato do sócio ter pedido pra sair da sociedade por outros motivos pessoais. Então eu analisei números e situações e decidi obter por encerrar a atividade”, explica o chef Julio em entrevista ao Guia Black Chefs e Mundo Negro.
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No entanto, o chef já visa novas estratégias para trabalhar. “É uma oportunidade de focar em eventos que eram uma crescente do Lujul, há muito tempo, eu tenho muitos clientes de eventos. Com isso, alinhado também um desejo profundo de trazer um pouco mais de brasilidade dentro da minha cozinha, dentro do meu know-how de atuação, africanidade, pouco de ancestralidade”, compartilhou.
“A possibilidade é gigante nesse nosso mercado, principalmente em São Paulo, que é muito farto, rico, e tem paladares mais exigentes e diversos no Brasil. Eu gosto muito dessa diversidade, porque traz um pouco mais de dinamismo para o mercado de gastronomia”, diz o chef com boas expectativas.
“O mercado de eventos de luxo quer trazer a tônica da brasilidade, querem fazer eventos para pessoas pretas, procuram um chef negro que os represente, que traga bastante influência histórica, diaspórica, então certamente o mercado está muito aberto para isso. Então eu estou bem feliz e com muitas possibilidades, muitos caminhos abertos para que isso aconteça”, completa.
“Isso me possibilitou também andar com o restaurante da fundação até hoje, como foi, mas também pensar e repensar sobre questões pessoais, de ancestralidade e o desejo de resgatar um pouco mais dos meus antepassados através da gastronomia”, explica.
Embora ele pense no mercado de eventos, também não descarta abrir outro restaurante “com cunho de brasilidade trazendo a tônica de comidas nordestinas, nortistas, também paulistas dentro desse mar de possibilidades da alimentação da gastronomia enquanto agente transformador da sociedade”, conta.
Para o chef Julio, o Lujul representou uma projeção social muito importante. “No final do restaurante, o público negro tornou-se 50% dos frequentadores do restaurante. Então isso me deixou muito feliz e eu acredito muito nessa capacidade do negro enquanto agente da transformação da boa gastronomia, dos bons lugares que estão à disposição de serem frequentados por pessoas negras”, diz.
“Então o Lujul foi um protagonista nesse sentido e meus clientes sem dúvida agradecem por ela ter existido porque isso eu senti muito nas últimas semanas, principalmente no último dia. Teve muitas lideranças negras, pessoas brancas, que estavam presentes e foram agradecer pela existência do Lujul e por eu estar e ter proporcionado uma alimentação bacana com muito cunho de responsabilidade. E carinha, afeto e trocas”, relata.
Para encerrar, o chef Julio afirma que o restaurante Lujul foi um agente propulsor de ideais da sociedade. “Eu tenho certeza absoluta, porque o que ele representou, o que ele fez, e tenho certeza que vai continuar fazendo ainda através dos projetos que virão, significam que eu fiz um bom trabalho”, celebra.
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