Luiza Barros: O que eu aprendi com sua luta diária a favor das mulheres pretas

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Luiza Barros: O que eu aprendi com sua luta diária a favor das mulheres pretas

Se ainda estivesse fisicamente entre nós, Luiza Bairros completaria, neste sábado, 68 anos de idade. Conhecida por muitos por ser militante, intelectual, e ministra de estado da Igualdade Racial, minha primeira memória de Luiza Bairros é bem mais afetiva. Eu devia ter 12 ou 13 anos e me revoltava em ter parar de me divertir para fazer tarefas domésticas. Mais especificamente, lavar louça. 

Luiza, foi a primeira pessoa adulta – além dos meus pais – que me disse que a luta das mulheres por independência, liberdade e reconhecimento político, passava por ter condição e autonomia de “lavar sua própria louça”. “Você também não vive aqui? Será que você não pode colaborar um pouco em manter essa casa tão bonita?”, disse ela com aquele vozeirão inesquecível. 

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É claro que eu fiquei indignada! Como é que aquela visita vinha na minha casa  fazer coro com os meus pais de que eu tinha que lavar a louça? Mal sabia eu, que aquela visitante era uma das grandes. Uma inesquecível, que lutava por vida e dignidade de pessoas e meninas pretas como eu. 

Em reconhecimento e memória ao legado de Luiza, a Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) lança, neste sábado (27) o documentário Tributo a Luiza Bairros, realizado numa parceria com o Acervo Cultne, dentro da programação do #MarçoDeLutas. 

Entre os pontos altos do filme, estão a fala de Luiza por ocasião do oitavo Encontro Feminista Latino Americano e do Caribe, em 1985; no primeiro Encontro Nacional de Mulheres Negras, em 1988, na cidade de Valença; e o discurso da então ministra de estado na III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em novembro de 2013. Sobre Luiza Bairros, em depoimentos de 2020, falam Sueli Carneiro, Mônica Oliveira e Vilma Reis.

O vídeo vai ficar disponível no canal da AMNB no Youtube.

Esse episódio fortuito me marcou tão profundamente que orienta minhas condutas até hoje. Nos nossos mais velhos e nos espaços pretos de convivência, como as casas de axé, estão as chaves para seguirmos a caminho das conquistas que elas e eles sonharam, lutaram e plantaram para nós. 

Para o dia de hoje, que possamos honrar Luiza Bairros e aprendamos a “limpar as nossas casas”, que são nossas condutas, nossos modos de ser e estar neste mundo, e o posicionamento que temos diante da vida e suas batalhas. Luiza Bairros vive!

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