Luiz Gama se torna o primeiro brasileiro negro a receber o título de Doutor Honoris Causa concedido pela USP (Universidade de São Paulo). Uma das figura centrais na luta abolicionista brasileira, Luiz Gama (1830-1842) recebeu homenagem póstuma proposta pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) e aprovada pelo Conselho Universitário da USP em reunião realizada nesta terça-feira (29) virtualmente.
Antes da decisão a ECA já tinha levantado uma campanha a favor da aprovação do título em favor de Gama. Os posts da campanha tiveram mais de 50 mil visualizações no Twitter e foram compartilhados nas redes sociais pelos perfis do CRUESP e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), da Faculdade de Saúde Pública (FSP), da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e por seguidores da ECA nas redes sociais.
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Filho de mãe africana livre e pai português, Luiz Gama foi vendido como um escravo aos 10 anos de idade pelo pai endividado.Conseguiu A liberdade aos 18 anos após processo judicial e passou a frequentar como ouvinte as aulas de direito na Faculdade de Direito do Largo São Francisco (hoje um dos campus da USP). Com conhecimento adquirido atuou, ainda que sem diploma, como advogado e foi figura decisiva na libertação de negros escravizados. Como jornalista escreveu textos a respeito da condição dos escravizados em A Gazeta da Corte, A Província de São Paulo, Cabrião e Correio Paulistano.
Em artigo para o site da USP, o professor Dennis de Oliveira diz considerar Gama o primeiro intelectual público brasileiro. “Por que eu o chamo de intelectual público? “Porque ele percebeu que meramente a ação jurídica não seria suficiente. Ele articulou a ação política com uma ação quase militante. No jornalismo, na poesia e nas letras, Luiz Gama militava em prol do abolicionismo. Por isso foi um intelectual público. Ele fez uma análise sofisticada do que era a sociedade daquela época e expressou isso em sua produção literária, jornalística e jurídica com um objetivo: acabar com a escravidão. Era um intelectual orgânico”, diz o professor.
O título de Doutor Honoris Causa é mais um passo para compensar o apagamento histórico que Luiz Gama sofreu durante muitos anos.
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