“Amigas que sente falta uma das outras” foi com esse título que as cantoras baianas Luedji Luna, Xênia França e Larissa Luz ganharam uma reportagem na revista “TMagazine” do jornal americano “The New York Times”. Na publicação, assinada pela jornalista Tarisai Ngangura, com foto de Hick Duarte, o trio de baianas fala sobre a ansiedade pelo reencontro, a vontade em que s dominam para cantar juntas e a música afro-brasileira.
Apesar de carreiras solo de sucesso, elas integram o projeto ‘Aya Bass’, que celebra o poder das mulheres negras na música baiana e faz reverência ao termo yorubá “Ayabas”, que significa mãe rainha e designa as orixás femininas.
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Na publicação, as cantoras falam sobre o projeto e a última vez que se apresentam juntas, no carnaval de 2020 em Salvador. E também destacam como a pandemia impactou nos seus trabalhos.
Na matéria, falando um pouco de seus sentimentos para com o carnaval e a saudades de ouvir as músicas com seus fãs, elas falaram:
Larissa Luz: Para mim, a música afro-brasileira é algo que foi criado a partir das influências culturais trazidas aqui pela diáspora africana. Estou sempre procurando ritmos interessantes e provocantes criados por negros ao redor do mundo, mas a música que faço mudou durante a quarentena – tornou-se mais introspectiva e pensativa.
Em 2017, tive a ideia de Xenia, Luedji e eu fazermos um show que homenageasse as vozes das mulheres negras que moldaram a música brasileira, mas cuja influência foi apagada pelo racismo e pela misoginia. Disseram que vivemos nessa utopia racial, mas nós, como artistas negros, não tivemos autoridade e oportunidade de contar nossas próprias histórias.
Mesmo quando não estou trabalhando, continuo fazendo e consumindo arte. Durante a quarentena, aprendi que é possível ficar bem mesmo sozinho – que a solidão é uma forma de tranquilidade.
Luedji Luna: A última vez que vi a Xenia e a Larissa foi em fevereiro do ano passado, quando nos apresentamos no carnaval de Salvador. Conheço a Larissa desde a adolescência e conheci a Xênia depois de me mudar para São Paulo há alguns anos. Minha relação com a música era difícil porque eu não queria arriscar. Eu estava estudando Direito na época, mas vê-los fazendo música foi uma grande inspiração.Tem sido um ano triste para os artistas e para nós três: o que mais amamos fazer é nos apresentarmos juntos. Quando a pandemia começou, todos nós reagimos de maneira diferente. Xenia é uma pessoa mais meditativa, então ela não estava muito online. Larissa começou a produzir batidas. E eu me tornei mãe. Demos um ao outro o respeito e o espaço para fazermos o que precisávamos por nós mesmos.
Xenia França: Ter a chave girada tão bruscamente – interrompendo todas as coisas que eu fazia, todas as coisas que planejava fazer – foi tão difícil no começo. Eu tinha lançado meu álbum, fui indicado ao Grammy, e 2020 seria o ano em que comecei a fazer uma turnê internacional. Minha vida foi construída em torno do trabalho.
O Brasil viveu a pandemia de forma extrema, o que ampliou as desigualdades que sempre existiram por aqui. As pessoas se tornaram muito mais conscientes e acho que o ano passado mostrou às pessoas que a única maneira de o mundo mudar é quando as pessoas mudam.
Larissa, Luedji e eu temos carreiras, todos temos nossas metas e objetivos – isso poderia ter dificultado a manutenção de nossa amizade. Mas ver outras mulheres negras brilhando: Isso inspira toda a minha vida, não apenas minha arte. Quando estiver seguro novamente, estou ansioso para voltar a cruzar os bastidores, almoçar e comemorar o bebezinho de Luedji.
As entrevistas foram editadas e condensadas por Adriana Basso. Cabelo e maquiagem: Jô Portalupi. Iluminação: Edson Luciano. Assistente de fotografia: Calebe Fernandes. Assistente de Produção: Luiz Anjos, que fazem parte do jornal.
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