O relato de Leslie Jones sobre sua experiência durante o reboot de “Caça-Fantasmas” em 2016 é um testemunho contundente dos desafios enfrentados por uma atriz negra em Hollywood. Em uma matéria da revista Rolling Stones, que traz trechos do livro de memórias “Leslie F*cking Jones”, escrito por Jones, ela lembrou que desde o momento em que foi anunciado que o elenco principal do filme seria composto exclusivamente por mulheres, a produção se tornou um alvo para trolls racistas e misóginos, além disso, a comediante afirma que o salário oferecido a ela na época era 1% do valor pago a Melissa McCarthy.
Jones, que desempenhou um papel crucial no filme, enfrentou uma enxurrada de comentários agressivos, ameaças de morte e ataques online por sua participação no projeto. A crueldade das mensagens e ameaças a que ela foi submetida é inaceitável e revela a profundidade da hostilidade que algumas pessoas sentiram em relação à mudança na dinâmica de gênero no filme.
Notícias Relacionadas
Zileide Silva recebe primeiro Prêmio Glória Maria de Jornalismo na Câmara dos Deputados
Whoopi Goldberg lança rede global de esportes femininos e promete visibilidade inédita para atletas ao redor do mundo
Um incidente particularmente chocante ocorreu durante a turnê europeia do filme, quando um jornalista expressou sua aversão ao filme e desafiou Leslie Jones a convencê-lo a assisti-lo em apenas cinco minutos. “Não foi apenas racismo e misoginia”, disse ela. “Muito disso tinha a ver com o fato de eu estar interpretando um trabalhador do MTA, como se isso fosse algo de que eu deveria me envergonhar. Eu tentei revidar – eu era um comediante – estava acostumado com alguém me importunando, então para cada besteira no Twitter eu tinha uma resposta.”
Na época, o assédio online e ameaças de morte a levaram a excluir temporariamente sua conta no Twitter. Jack Dorsey, então CEO do da rede social ofereceu ajuda para monitorar sua conta: “ele estava ciente de que eu estava sendo brutalmente atacada com insultos raciais e coisas piores. Jack colocou pessoas em minha conta para monitorá-la porque alguém está sempre tentando me hackear”, disse.
Ela também disse que chorou por conta do bullying que sofreu: ”Não acredito que alguém faria essa merda com alguém, qualquer pessoa, por trabalhar”, escreveu. “Isso é horrível. Estou em um filme. Ameaças de morte por algo tão pequeno como isso?”.
Em outro trecho, ela lembrou o teor das mensagens que recebeu: “Estavam me enviando filmes de enforcamento, de caras brancos se masturbando na minha foto, dizendo: ‘Seu idiota de merda. Nós vamos matar você’”, continuou. “Por que as pessoas estão sendo tão más umas com as outras? Como você pode sentar e digitar ‘Eu quero te matar’. Quem faz isso?”
Além disso, Leslie Jones também revela em seu livro que teve que lutar por um pagamento justo no set de filmagens. Ela menciona que inicialmente foi oferecido um salário significativamente inferior ao de suas colegas de elenco, Melissa McCarthy e Kristen Wiig: “Sem julgar elas, mas na minha primeira oferta me ofereceram US$ 67 mil. Tive que lutar para conseguir mais (no final consegui US$ 150 mil), mas a mensagem era clara: ‘Isso vai explodir você – depois disso, você está acabada’, todo esse tipo de merda, como se eu ainda não tivesse décadas de uma carreira de sucesso. E no final, tudo o que isso me causou foi dor de cabeça e uma grande controvérsia”.
Notícias Recentes
Cia. Os Crespos celebra 10 anos da revista Legítima Defesa e homenageia 80 anos do Teatro Experimental do Negro em SP
Grace Jabbari retira processo federal por agressão e difamação contra o ex-namorado, Jonathan Majors