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Texto: Rodrigo França
Léo Santana entregou um espetáculo inigualável em sua estreia no palco do Afropunk Salvador, provando mais uma vez porque é considerado um dos maiores cantores do Brasil. Com uma apresentação que uniu excelência vocal, energia contagiante e coreografias arrebatadoras, o cantor fez história no festival, exaltando as raízes do pagode baiano e a potência da cultura negra.
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O público foi conquistado logo no início, com a escolha de “Negro Lindo”, um clássico da época do Parangolé, que reafirma o orgulho e a beleza da negritude. A energia cresceu ainda mais com “Zé do Caroço” – música da magistral Leci Brandão, uma homenagem à resistência cultural e social, emocionando a plateia ao trazer uma camada de consciência ao show. A força dessas canções, aliada à entrega de Léo no palco, elevou o espetáculo a um nível de excelência que poucos artistas conseguem alcançar.
Além da voz inconfundível, Léo Santana mostrou-se um mestre em performance. Suas coreografias, dirigidas pela brilhante Edilene Alves, foram um dos pontos altos da noite. Cada movimento dos bailarinos foi pensado para amplificar a energia do show, criando um espetáculo visual que complementou a sonoridade vibrante do pagodão. Edilene não apenas trouxe técnica e criatividade, mas também construiu um espetáculo com narrativa e emoção, transformando a dança em uma linguagem que conectou o público ao artista.
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Os bailarinos – Edilene Alves, Gabriel Mascarenhas, Estevam Costa, Vitória Brisa, Michele Moura, Jessica Santana, Nicole Bastos e Suelen de Paula – brilharam em cada número. Com movimentos precisos e uma sintonia impecável, eles foram muito mais do que suporte: foram protagonistas ao lado de Léo, trazendo vida e energia às músicas. É revolucionário um homem negro rebolando. Movimentar a cintura é um gesto ancestral, profundamente africano, que carrega potência e resistência. É a expressão viva de um processo simultâneo de descolonização e decolonização e resgate das raízes culturais, desafiando os estigmas impostos pela colonização. E quando esse gesto vem de um homem da periferia de Boa Vista do Lobato, em Salvador, ele se torna ainda mais simbólico: é a afirmação de identidade e poder, quebrando paradigmas e inspirando uma nova narrativa.
A equipe de produção, liderada por Jean Guimarães, demonstrou um cuidado excepcional em cada detalhe. A direção musical de David Mattos equilibrou nostalgia e inovação, enquanto a produção técnica de Tony Oliveira garantiu um show impecável do início ao fim. O gigante não só entregou o prometido, mas superou todas as expectativas, consolidando-se como um dos maiores artistas do país.
Léo Santana não foi apenas um cantor ou dançarino no Afropunk. Ele foi um contador de histórias, um representante da cultura negra e um embaixador da alegria. Um show que ficará marcado na memória de todos e que reafirma a potência do pagodão baiano como símbolo de identidade e celebração.
O gigante mostrou que é mais que um artista: é um ícone. Um verdadeiro showman.
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