Leilão da coleção de Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, é suspenso após pedido do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)

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Leilão da coleção de Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, é suspenso após pedido do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)
Foto: Fernando Azevedo/Divulgação

O aguardado leilão da coleção de obras de arte que pertenceram a Emanoel Araújo, fundador do Museu Afro Brasil, que faleceu em setembro do ano passado, foi suspenso a pedido do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O pregão que estava programado para começar nesta segunda-feira, 25, e seria encerrado no dia 29, foi adiado em resposta a um pedido extrajudicial do órgão enviado à Bolsa de Arte, casa de leilões responsável pela venda das obras.

O pedido do Ibram baseia-se na Constituição brasileira, que confere preferência aos 30 museus, sob a alçada desse órgão federal, em casos de venda judicial ou leilão de bens culturais. Esse período de preferência se estende por 15 dias, durante os quais as instituições vinculadas ao Ibram, bem como outras que aderiram voluntariamente ao Sistema Brasileiro de Museus, têm o direito de manifestar interesse nas obras.

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A exposição das primeiras 600 peças a serem leiloadas esteve em exibição na galeria Bolsa de Arte, em São Paulo, e permanecerá aberta ao público até o final de outubro. A coleção, que abrange mais de 5.000 peças representando o barroco e a joalheria brasileira, é um testemunho do profundo interesse de Emanoel Araújo em obras que contam a história de artistas e artes negras, muito antes do atual movimento de destaque à diversidade nas instituições culturais do país.

O leiloeiro responsável, Jones Bergamin, expressou seu desejo de vender a coleção como um todo, preservando assim seu valor museológico e evitando sua fragmentação entre compradores individuais. Ele enfatizou a importância de garantir o acesso público às obras de arte.

Cerca de 1.500 itens da coleção deveriam ser leiloados, com os fundos destinados aos oito irmãos de Emanoel Araújo e às quatro pessoas próximas a ele, de acordo com as disposições de seu testamento. Essas pessoas desempenharam papéis importantes na vida do artista, seja na produção de suas obras de arte ou em sua esfera pessoal.

A coleção também inclui esculturas em madeira de santos negros do século 18, assim como “joias de crioula”, acessórios usados por mulheres escravizadas nos séculos 18 e 19, cada um com significados profundamente enraizados nas religiões africanas, muçulmanas e católicas, destacando o sincretismo cultural brasileiro.

Nenhuma obra de autoria de Emanoel Araújo seria leiloada, e a Bolsa de Arte prometeu encaminhar ao Museu Afro Brasil documentos, cartas e manuscritos pertencentes ao fundador que foram encontrados. O Museu Afro Brasil, por sua vez, detém em comodato 2.800 obras da coleção de Araújo, que não serão leiloadas no momento, mas poderão ser vendidas futuramente. A ideia é que essas obras sejam adquiridas em conjunto pelo poder público ou por mecenas que por alguma eventualidade queira doá-las ao Museu Afro Brasil, garantindo a continuidade do legado de Emanoel Araújo e o acesso público a essa herança cultural.

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