Como aprender a ser pai? Esse é o questionamento que permeia a história de Tom (Lázaro Ramos) ao ver sua filha com Elisa (Paolla Oliveira) nascer no filme PAPAI É POP. Dirigido por Caito Ortiz com roteiro de Ricardo Hofstetter – livremente inspirado no livro homônimo de Marcos Piangers. “Há muitos anos eu sonho em fazer um filme sobre paternidade”, conta Lázaro Ramos em entrevista ao MUNDO NEGRO. “Eu secretamente ficava elencando temáticas e aspectos da paternidade e às vezes oferecendo para alguns amigos. Fala-se pouco sobre isso no cinema. Eu queria falar sobre isso e de repente, surgiu o convite. Eu fiquei muito feliz porque acho que tem uma estratégia de aproximação do tema. Apesar de ser vendido como comédia, o filme vai além disso, ele vai para um lugar de sensibilização, identificação e faz várias provocações“.

Lázaro Ramos e Paolla Oliveira em ‘Papai é Pop’. Foto: Divulgação / Stella Carvalho.

A estreia do longa nos cinemas de todo o Brasil está marcada para 11 de agosto, véspera do Dia dos Pais, e conta ainda com a presença de Elisa Lucinda, Leandro Ramos e Dadá Coelho no elenco. “Eu acho que me preparei a vida toda [para esse papel]”, diz Elisa em entrevista ao MUNDO NEGRO. No filme ela interpreta Gladys, a mãe de Tom, que criou o filho sozinha no mundo. “Sempre fui ativista do movimento masculino, em prol do seu direito à sensibilidade. Me preparei nesse lugar ideológico há muito tempo, com muito prazer que fiz o filme. Estamos falando de um assunto, a ausência paterna, que gera tanta tragédia. A extensão desse abandono é infinita (…) Eu fiz um filme sobre o que eu queria falar. Acho que essa é a sorte da nossa profissão”.

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No filme, Tom e Elisa veem sua rotina se transformar com o nascimento de Laura (Malu Aloise). A adaptação de Tom à nova vida interfere no vínculo do casal, além de mexer com a relação de Tom com sua mãe. Tom precisa ressignificar tudo que aprendeu até então e entender a importância de uma paternidade ativa. Com tons de comédia, o longa aborda questões muito sensíveis à realidade brasileira. “É o início de uma conversa que eu quero ter durante muito tempo no cinema. Eu queria fazer vários filmes sobre paternidade, que acho que é um tema que precisamos tornar rotineiro, cotidiano e falar todos os dias”, conta Lázaro. “Estamos longe do que é o ideal de paternidade, esse pai afetuoso, presente, que se responsabiliza pelos seus filhos, corresponsável pela educação e pelos cuidados com suas crianças”.

Lázaro Ramos em ‘Papai é Pop’. Foto: Divulgação / Stella Carvalho.

“Adorei que no filme não compactuamos com esse clichê de que sogra é ruim, porque isso também vem de um lugar atrasado”, diz Elisa sobre PAPAI É POP. “Sempre achei um absurdo isso, ter ciúmes do filho, enquanto mãe. São lugares diferentes. Temos que falar sobre isso, por exemplo, não há nenhum ensinamento masculino sobre a arte de cuidar”.

O filme apresenta situações emocionantes e divertidas na busca de Tom por uma transformação interior, que afeta não só a sua vida como a de toda a família. A trajetória do protagonista traz ainda uma reflexão sobre o que a sociedade enxerga como um pai presente. “O filme não quer endeusar a figura paterna. A história apresenta um pai que não é perfeito e que está em busca de uma transformação e isso é o que torna o filme importante”, afirma Gabriel Gurman, CEO da Galeria Distribuidora e produtor do longa. 

“Estamos atrasados nessa discussão. As semelhanças do abandono, do modelo de homem, do modelo da masculinidade e como expressar sua masculinidade vem muitas vezes pela violência e pela não permissão de você revelar um pouco de sua sensibilidade, isso é gravíssimo”, destaca Lázaro. “Isso parece que estamos falando de uma coisa íntima, mas faz parte do projeto de nação que a gente quer. É por isso que estamos aí, dia após dia, baseados nesse aspecto, no aspecto da violência. Esse não é o homem que quero ser, não é o homem que quero reproduzir e o PAPAI É POP vem trazendo esse homem que está em construção, justamente para trazer outros modelos de masculinidade mais saudável para todos. Isso não tem a ver com apenas suavidade. Tem a ver com responsabilizar-se, também ser firme em seus valores. Porque às vezes a gente fala e parece um lugar apenas fofo e não, tem o lado de assumir suas responsabilidades, se posicionar e lutar pelo que você acredita”.

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