Texto: Kelly Baptista
As demissões no setor colocam em risco as promessas de impulsionar grupos sub-representados em suas fileiras de liderança
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Nos últimos tempos temos ouvido o termo Lay-off frequentemente, por conta das levas de demissões realizadas no mercado, em especial de tecnologia. Mas o termo originalmente não vem da demissão em si, significa um afastamento temporário de um grupo de trabalhadores, um “período de inatividade”.
Desde o início da pandemia do Coronavírus, empresas de todo o mercado tentaram limpar seus caixas e acabaram demitindo parte de seus funcionários. Em dezembro de 2022, uma startup imobiliária fez a terceira rodada de corte no quadro de funcionários, ao dispensar mais de 300 pessoas. Ao longo do ano, as baixas afetaram outras empresas, nos setores de logística, finanças e transporte por aplicativo. Já no ano de 2023, o movimento segue o mesmo caminho, seja no Brasil ou no exterior, e já temos números alarmantes para o mercado.
Lay-offs nacionais
99- A plataforma 99, que tem como dona a empresa chinesa Didi Chuxing, demitiu mais de 75 funcionários na primeira semana de 2023, baseado nos 3.700 funcionários encontrados no LinkedIn, isso representa cerca de 2% do quadro.
PagBank- O banco digital, do PagSeguro, começou o ano de 2023 realizando um lay-off, demitindo cerca de 7% dos colaboradores. Segundo a informação que consta no site do PagBank, a fintech hoje conta com cerca de 7 mil funcionários. Com isso, os 7% de funcionários dispensados equivalem a aproximadamente 500 pessoas.
Lay-offs internacionais
Internacionalmente algumas gigantes já se manifestaram de como será 2023.
Amazon- A gigante Amazon, que realizou a maior rodada de cortes de empregos até agora neste ano, delineou um plano para demitir mais de 18.000 cargos (incluindo empregos que foram cortados em novembro). Em uma mensagem ao grupo, o CEO Andy Jassy disse que a empresa está enfrentando uma “economia incerta” depois de contratar “rapidamente” nos últimos anos.
Google- Seguindo a mesma linha, a empresa anunciou que reduzirá em 6% sua força de trabalho, ou seja, 12.000 colaboradores. A Alphabet, empresa dona do Google, na carta aos empregados, Sundar Pichai, CEO do Google, explica que a mudança da realidade econômica não condiz com a quantidade de empregados de hoje.
Estes cortes têm afetado, principalmente, os departamentos de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês), o que ameaça as promessas das empresas de impulsionar grupos sub-representados em suas fileiras e liderança. Ofertas de empregos DEI caíram 19% no ano passado – uma queda mais forte do que em vagas nas áreas jurídicas ou de recursos humanos, de acordo com dados da Textio, que ajuda empresas a criarem anúncios imparciais. Apenas cargos em engenharia de software e ciência de dados tiveram declínios maiores, de 24% e 27%, respectivamente.
Nos últimos anos, houve um “boom” de contratações com foco em diversidade e inclusão. Após os protestos do movimento Black Lives Matter em 2020, empresas de todos os tipos prometeram aumentar a diversidade racial e de gênero em suas fileiras. Dezenas trouxeram seus primeiros diretores de diversidade e inclusão. Nos três meses após o assassinato de George Floyd, ofertas de emprego DEI subiram 123%, de acordo com dados do site de empregos Indeed.
Temos que ter em mente que Diversidade e Inclusão não podem ser valorizadas, só na fase boa dos negócios, cortar estas equipes pode significar riscos imensuráveis no futuro, caso a companhia não tenha cumprido a missão de equidade, em especial racial.
*Kelly Baptista Gestora Pública, diretora executiva da Fundação 1Bi, mentora, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e Conselheira Fiscal do Instituto Djeanne Firmino.
Fonte: Exame / Mundo Negro / Startup
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