“Cruz e Sousa” é oitavo volume da Coleção Retratos do Brasil Negro da editora Selo Negro (Summus). A obra, escrita pela jornalista Paola Prandini, celebra os 150 anos de nascimento de um dos maiores poetas brasileiros. De forma objetiva e envolvente, o livro detalha a vida e a obra do introdutor do simbolismo no país e relata as dificuldades que o artista enfrentou por causa do preconceito racial.
A noite de autógrafos será no dia 21 de novembro, segunda-feira, das 19h às 21h30 na Livraria Martins Fontes que fica na Av. Paulista, 509 (próxima à estação Brigadeiro do metrô).
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Quem foi Cruz e Sousa?
Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Desterro (atual Florianópolis) e teve uma infância pobre. O pai ainda era escravo quando ele veio ao mundo. A mãe, que fora libertada por volta de 1870, trabalhava como doméstica na casa de um importante militar da cidade. Esse vínculo permitiu a Cruz e Sousa ter uma educação razoável, e desde a adolescência ele sonhava em ser poeta. Porém, concretizar tal sonho não seria nada fácil: a cor de sua pele acabou impedindo que ele ascendesse socialmente.
Depois de formado, Cruz e Sousa trabalhou como professor particular e vendedor, mas logo se aproximou do grupo literário Ideia Nova, que pretendia renovar as letras catarinenses. Nessa época, o poeta chegou a ser nomeado promotor público de Laguna, mas os poderosos da cidade impediram que ele assumisse o cargo – um negro nunca poderia exercer função tão importante.
Cruz e Sousa então se juntou à Companhia Dramática Julieta dos Santos, com a qual viajou por diversos estados brasileiros. Esse contato com os rincões do país influenciou sua produção literária e permitiu-lhe conhecer as mazelas do povo. Em 1885, foi efetivado como redator no jornal catarinense O Moleque. O foco do jornal era a crítica política, e mais uma vez Cruz e Sousa atraiu inimigos pelos comentários que fazia contra os medalhões da época. Depois da extinção de O Moleque, ele passou a trabalhar no Abolicionista, que, como o próprio nome diz, fazia campanha pela libertação dos escravos.
Nas décadas de 1950 e 1960, Cruz e Sousa sofreu perseguição inclemente de alguns críticos, que desqualificaram sua produção. Somente há alguns anos os especialistas resgataram as obras de Cruz e Sousa, conferindo-lhe o devido reconhecimento. “Foi principalmente póstuma a celebração do poeta, que deveria ter sido honrado ainda em vida, mas que, por ter nascido filho de escravos, ser negro e ter morrido na miséria, não obteve reconhecimento de sua grandeza em vida”, afirma Paola.
Ao resgatar a história de Cruz e Sousa, o livro faz um panorama histórico de sua época, reproduz o texto de cartas que ele enviou a amigos e compila toda a sua produção literária. Trata-se, portanto, de um retrato fiel de um dos nossos maiores escritores.
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