“King Richard” mostra a potência de uma família que não deixou o racismo interromper seus sonhos

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“King Richard” mostra a potência de uma família que não deixou o racismo interromper seus sonhos
Foto: Reprodução.

“A pessoa mais desrespeitada na América é a mulher negra. A pessoa mais desprotegida da América é a mulher negra. A pessoa mais negligenciada na América é a mulher negra.” Se levarmos essa afirmação de Malcolm X para uma discussão sobre famílias negras, fica evidente a importância de uma estrutura familiar, seja qual for sua composição, para que potenciais de mulheres negras possam desabrochar.

O filme King Richard – Criando campeãs é sobre família. Poderia ser sobre esporte, resiliência, como duas garotas de Compton se tornam duas das maiores atletas de todos os tempos, mas o longa de Reinaldo Marcus Green (“Monstros e Homens”) é sobre a importância de ter quem acredite e nos defenda como pessoas negras.

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Corpos negros existem e resistem em uma sociedade que subestima nossas capacidades. Para lapidar dois diamantes brutos, Richard Williams (Will Smith) fez um plano, literalmente. Em 76 páginas ele escreveu um documento sobre como a carreira de Serena e Venus Williams seria planejada para que elas fossem as melhores jogadoras de tênis do mundo. 

Foto: Getty Image

Apesar do foco ser a história do pai, a mãe Oracene “Brandy” Williams ( Aunjanue Ellis), também teve funções como treinadora, dominando e até criando novas técnicas e movimentos para que suas filhas chegassem ao branquíssimo mundo do Tênis com um diferencial além de suas origens e cor da pele.

Pais exigentes com filhas disciplinadas em um ambiente cercado de violência e miséria na periferia da Califórnia, faz com que a história de Venus e Serena pareça uma passagem bíblica. Richard cresceu em uma época em que membros da Klu Klux Klan circulavam livremente a poucos metros de distância dele.  Smith, em uma atuação monstruosa traz para esse personagem a postura e o olhar de quem foi vítima de várias violências e traumas, e que se apega na genialidade das filhas tenistas quase como se fosse o único meio possível de manter sua sanidade.

“É muito claro que essa história é familiar. Conversando com os membros da família Williams, eles falaram sobre sua mãe, Oracene, que trabalhava em turnos duplos para colocar comida na mesa. Richard tinha muitos empregos. Mas todas as irmãs, Isha, Lyndrea, Tunde, estavam nas quadras com Venus e Serena, pegando bolas, pendurando cartazes, depois da escola até as luzes se apagarem, as irmãs mais velhas  ajudando a cuidar das mais novas, foi algo que me pareceu incrível quando ouvi essa história – tudo isso precisava entrar no roteiro e estar na telona”, explica Green, o diretor.

Mesmo de forma não muito aprofundada, o longa mostra que na relação dessas cinco irmãs é onde afeto reside de forma generosa. Essas meninas criadas por Richard e Brandy não se viam nas crianças do bairro (que se perderam para as drogas em boa parte) e o longa mostra como esse lugar seguro era também o recanto lúdico de uma vida pautada em uma disciplina quase militar.

Sabemos que o plano de Richard deu certo, mas Will Smith não vê essa narrativa como uma história de superação. “Eu não acho que eles se sentiram encurralados, porque suas mentes eram livres. Isso era uma parte importante de sua fé e de sua crença em si mesmos. Então, nunca houve uma sensação de estar aprisionado por o que quer que seja, além de sua habilidade de se comprometer, trabalhar duro e amar uns aos outros. Essa crença é poderosa e extremamente produtiva. Esse espírito não se rende a nada”.

FAMÍLIA SMITH ENVOLVIDA NA PRODUÇÃO

Will Smith, além de ser o protagonista no longa, sendo apontado pela crítica como um forte candidato ao Oscar, também é produtor do filme.  “O que me pareceu mais surpreendente, antes de decidir que eu tinha que contar essa história – foi que Richard profetizou tudo. Ele assistiu uma partida de tênis em que Virginia Ruzici ganhou US$ 40 mil, e dois anos antes das meninas nascerem, escreveu o plano para toda a carreira delas. Ele contou esse sonho para Oracene, essa profecia, suas duas crianças que seriam as tenistas número um e número dois de toda a história do esporte. Eu pensei comigo: ‘Isso não pode ser verdade’. Pesquisei, e era, uma história tão poderosa de fé, amor, família e Deus”.

Jada Smith assina a produção executiva do longa juntamente com as irmãs Williams (Serena, Venus e Isha Price), além de James Lassiter.

Isha Price comentou sobre os cuidados com o roteiro para evitar uma visão errada sobre a dinâmica da vida de suas irmãs e seus pais.  “Até pouco tempo atrás, eu nem leria o roteiro, porque havia tantos equívocos na percepção de outras pessoas sobre minha família. Para nós, autenticidade e honestidade foram importantes para que nos sentíssemos habilitados a realizar este projeto. Depois de finalmente ler o roteiro, que nos fez rir, com momentos pelos quais ficamos completamente apaixonados e outros que precisavam ser aprimorados, conversamos em família e decidimos juntos seguir em frente… com a ressalva de que eu fosse parte integrante da produção, para garantir que fosse autêntica, honesta, verdadeira e um espelho real de quem somos. Não é só algo que alguém inventou. Na verdade, é algo que realmente aconteceu”.

King Richard – Criando Campeãs chega aos cinemas de todo o Brasil nesta sexta-feira (2).

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