Mundo Negro

Justiça suspende votação da cassação de vereador negro em Curitiba

Foto: Rodrigo Fonseca/CMC

A Câmara Municipal de Curitiba, Paraná, votaria hoje (19), às 13h, a cassação do mandato do vereador Renato Freitas (PT), mas a liminar com pedido de suspensão foi concedida parcialmente nesta manhã, pela juíza Patrícia Bergonsi, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba. A manifestação em apoio ao Renato será mantida hoje, no mesmo horário que seria a votação.

Renato é acusado de quebra de decoro por realizar uma manifestação durante a missa da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em fevereiro, contra racismo e pedido de justiça pelo assassinato do congolês Moïse Kabagambe no Rio de Janeiro.

Notícias Relacionadas


O parlamentar entrou com um pedido de suspensão do julgamento e denunciou, na semana passada, mensagem recebida pelo e-mail do vereador Sidnei Toaldo (Patriota), relator do processo que investiga Renato no Conselho de Ética da Casa, com ofensas racistas e ameaças contra o mandato dele e de outros vereadores negros da cidade.

Entretanto, Sidnei nega ser o autor do e-mail a Renato, e afirmou que, com os advogados, registrou o caso com o à Polícia Civil para que seja apurado o uso indevido da conta dele.

A Justiça aguardará a conclusão da sindicância interna da Câmara Municipal sobre as ofensas racistas para retomar com o julgamento de cassação do Renato.

O e-mail enviado no dia 9 de maio, dizia em um trecho: “a câmara dos vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato. Volta para a senzala”.

A juíza afirma que o “referido e-mail apontaria parcialidade e interesse do relator, além de conter injúrias raciais, circunstâncias que se vieram a ser apuradas verdadeiras, poderão levar ao afastamento do relator e nulidade procedimental. Isso porque, a Comissão Parlamentar Processante que tem por objetivo o julgamento de um de seus pares, deve ser órgão imparcial”.

A defesa do vereador Renato afirmou satisfação com a decisão, pois o processo está “contaminado desde a sua origem pela parcialidade do relator”.

Na segunda-feira (17), Renato entrou com um recurso na Comissão de Constituição e Justiça, da Câmara, pedindo anulação do processo, mas nesta manhã, antes da decisão da juíza, a CCJ negou por 5 votos a 1.

Contudo, na manhã desta quinta-feira, por 5 a 1 votos, a CCJ negou o pedido da defesa do vereador, antes mesmo de a Câmara ser notificada da suspensão da sessão que julgaria a cassação.

Manifestação na igreja

Depois do ato realizado na igreja, em fevereiro, foi registrado um Boletim de Ocorrência contra Renato Freitas e o caso continua sendo investigado.

O padre Luiz Hass disse que celebrava uma missa no local e que precisou interromper o culto diante da entrada dos manifestantes no templo. Freitas alega que o culto tinha acabado.

Renato se manifestou sobre o caso: “Algumas pessoas se sentiram profundamente ofendidas, e para essas pessoas eu sinceramente e profundamente peço perdão. Desculpa. Não foi, de fato, a intenção de magoar ou de algum modo ofender o credo de ninguém. Até porque eu mesmo, como todos sabem, sou cristão”.

Perseguição política

Notícias Recentes

Participe de nosso grupo no Telegram

Receba notícias quentinhas do site pelo nosso Telegram, clique no
botão abaixo para acessar as novidades.

Comments

Sair da versão mobile