Em uma decisão inédita no Brasil, a Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou Day McCarthy a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado pelos crimes de racismo e injúria racial contra Chissomo Ewbank Gagliasso, conhecida como Titi, filha dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank. A sentença foi proferida na última quarta-feira, 21 de agosto, marcando a maior condenação da história do país por esses crimes.
O caso remonta a 2017, quando Títi, na época com apenas quatro anos, foi alvo de comentários racistas feitos por McCarthy em redes sociais. McCarthy, que defende ideias eugenistas, usou a internet para proferir ofensas contra a criança. Mesmo com os privilégios e a visibilidade da família, a denúncia formal só foi possível em 2021, e a decisão final veio sete anos após o crime.
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Para a advogada Juliana Souza, responsável pela acusação e também uma mulher negra, a sentença é uma vitória histórica. Em uma publicação nas redes sociais, ela destacou o simbolismo do caso para a luta contra o racismo no Brasil. “Essa decisão carrega um simbolismo profundo. Ela me lembra que nossa luta é legítima e que cada passo que damos é crucial para garantir que nenhuma criança tenha que passar pelo que a Titi passou, ou pelo que eu passei”, afirmou.
Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank também se manifestaram publicamente, ressaltando que a vitória só foi possível pela visibilidade que têm como pessoas brancas e famosas, e lamentaram que a justiça tardia ainda seja uma realidade no Brasil. “Apesar de tardio, é histórico”, comentaram em publicação conjunta.
A condenação de Day McCarthy é vista como um marco no combate ao racismo no país, principalmente por ser a primeira vez que uma pena de prisão em regime fechado é aplicada em um caso de racismo. A decisão ainda pode ser alvo de recursos para a redução da pena, mas especialistas afirmam que a reversão é improvável.
O caso, que ganhou repercussão internacional, reforça a importância da luta contra o racismo estrutural e a necessidade de ações mais firmes do judiciário para punir crimes dessa natureza. A atuação da Procuradoria da República do Rio de Janeiro também foi elogiada pela firmeza e combatividade no processo.
Mesmo com a vitória, Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank afirmam que o racismo está longe de acabar e que seguirão vigilantes, especialmente para proteger a filha. “Seguiremos confiantes na justiça, pois há anos estamos lutando por entendermos que esta vitória não é nossa, mas da nossa filha, coletiva e de toda uma comunidade”, concluíram.
A decisão estabelece um novo precedente na justiça brasileira, sendo vista como um passo importante, embora tardio, na luta contra o racismo no país.
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