⚠️ Alerta de Gatilho: Este conteúdo aborda temas como suicídio, bullying e discriminação.
O falecimento do adolescente Pedro, vítima de bullying e ataques homofóbicos cometidos por colegas de classe, completou uma semana na última segunda-feira, 19. Aluno bolsista do Colégio Bandeirantes, uma das instituições de ensino de elite de São Paulo, Pedro ingressou na escola por meio do Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (Ismart). Esse instituto privado e sem fins lucrativos identifica jovens talentos de baixa renda e oferece bolsas de estudos em escolas particulares.
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O caso reacendeu um questionamento recorrente na comunidade negra: “Vale a pena fazer esforços para estar em lugares onde podemos sofrer violências?”. Ocupar esses espaços muitas vezes simboliza uma melhora social significativa, que pode beneficiar gerações, especialmente em termos de oportunidades de trabalho e estudo. No entanto, para Pedro — um garoto negro, gay e periférico — estar em um espaço de privilégio branco transformou-se de uma conquista em uma tragédia. Isso levanta questões sobre o tipo de suporte oferecido pelas instituições que promovem a inclusão na educação e no mercado de trabalho.
Segundo Mariana Ribeiro, diretora executiva do Ismart, o instituto já havia sido informado sobre as violências sofridas por Pedro e o encaminhou para acompanhamento psicológico. “O Pedro já tinha sinalizado para a gente, em um momento similar ao que a escola tomou conhecimento. Conversamos com ele e com sua mãe. A escola também estava muito próxima do Pedro, em todos os aspectos, por ele ser aluno. Ele já estava recebendo acompanhamento psicológico”, explicou Mariana. Ela afirmou que o instituto mantém contato contínuo com a família do adolescente. “Estamos prestando todo o suporte necessário. Na segunda-feira completou uma semana do ocorrido e fizemos questão de estar próximos, nos deixando à disposição”, disse.
Mariana Ribeiro ainda enfatizou que todos os protocolos de apoio foram seguidos: “Todos os procedimentos aplicados pelo instituto foram implementados no caso do Pedro”.
Diferenças de ensino minimizadas
Ocupar espaços onde poucas pessoas negras conseguiram chegar é uma estratégia para “hackear” o sistema e conquistar recursos que deveriam ser compartilhados de forma equitativa. No entanto, as divergências sociais e educacionais ainda precisam ser minimizadas para garantir uma integração cultural respeitosa.
Para entender os impactos causados pela mudança de ambiente dos alunos bolsistas, questionamos Mariana Ribeiro sobre o acompanhamento realizado pelo Ismart. Ela explicou que, além do programa de desenvolvimento que visa nivelar o conhecimento acadêmico dos alunos provenientes de escolas públicas, o instituto promove rodas de conversa mediadas por uma psicóloga. “Realizamos reuniões frequentes com todos os bolsistas, tanto os que estão ingressando na escola quanto os que já estão há mais tempo. Essas rodas de conversa ocorrem durante todo o período em que o aluno está conosco. Sempre contamos com a presença de uma psicóloga nas escolas parceiras, que desenvolve um vínculo com os alunos para garantir que qualquer questão seja devidamente encaminhada para a psicóloga clínica”, detalhou.
Mariana acrescentou que o instituto possui parcerias com clínicas de psicologia para atender os alunos individualmente, quando necessário.
Os estudantes inscritos no programa passam por um rigoroso processo seletivo, que inclui provas para avaliar o nível de conhecimento e a defasagem acadêmica. “Ao longo dos anos, percebemos que é necessário que o aluno atinja uma nota mínima nessas provas para garantir que a defasagem acadêmica não seja tão grande ao ingressar na escola particular. Sabemos que sempre haverá alguma defasagem, mas o reforço que oferecemos, em parceria com as escolas, é suficiente para cobri-la. No entanto, se a defasagem for muito grande, o jovem pode sofrer bastante ao entrar nesse novo ambiente. Por isso, temos muito cuidado na seleção, garantindo que o aluno tenha uma base acadêmica mínima necessária para enfrentar esse novo contexto”, afirmou.
Seleção e entrevistas
Além das provas e entrevistas com os alunos, as famílias também passam por entrevistas com o instituto para entender como poderão oferecer suporte durante a trajetória escolar. Mariana explicou que as entrevistas são realizadas “para garantir que o jovem compreenda a necessidade de se esforçar, já que o projeto exige motivação e vontade de fazer parte. A jornada envolve toda a família, e o jovem precisará de um ambiente adequado para estudar”, ressaltou.
Apoio da comunidade escolar
Mariana destacou que o instituto realiza uma criteriosa seleção das escolas parceiras: “Fazemos uma diligência muito grande para entender como a escola receberá o bolsista, como será o acolhimento e se há possibilidade de reforço acadêmico. Se a escola não oferece, o Ismart providencia o reforço de alguma forma”.
Ela também mencionou que o instituto organiza encontros com os pais dos alunos pagantes para explicar o que é o Ismart e o que significa ter um aluno bolsista na sala de aula. “Nosso esforço é garantir que todos os envolvidos estejam bem conscientes do processo”, concluiu.
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