Jovem negro é tratado como indigente em UPA em Minas Gerais e família descobre morte mais de 30 dias depois

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Jovem negro é tratado como indigente em UPA em Minas Gerais e família descobre morte mais de 30 dias depois
Foto: Reprodução

Na UPA São Benedito, em Santa Luzia, Minas Gerais, Kauã Rodrigo Pereira, um jovem negro de 20 anos, morreu no dia 08 de maio e foi tratado como indigente. Mesmo com o jovem portando seus documentos, a família não foi avisada sobre seu óbito, que só descobriu mais de 30 dias depois por um suposto colega que entrou em contato. O IML aguarda o laudo da autópsia para saber o real motivo da morte. Por causa do tempo, o enterro precisou ser com o caixão velado.

Segundo as informações do presidente da Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, a família só descobriu a morte no dia 16 de junho por um suposto colega que reconheceu Kauã. Segundo o boletim médico da UPA, ele morreu no dia 08 de maio, há mais de 30 dias atrás. Ainda não foi revelada a causa da morte nem a situação em que ele chegou. Mesmo com seus documentos, Kauã foi tratado como indigente e em nenhum momento sua família foi procurada, mesmo com sua mãe o procurando todo esse tempo. 

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Leonardo Péricles acompanhou os parentes de Kauã na última terça-feira (20) em busca de informações e esclarecimentos. A UPA disse que ele estava sem identificação e que em sete dias vai entregar uma cópia do laudo para a família. No IML, a família foi informada que o corpo foi identificado por papiloscopia, análise por impressão digital, e que em mais ou menos 30 dias o laudo da autópsia será concluído.

O presidente da UP também levou o caso para o Ministério Público, Promotoria de Justiça, Direitos Humanos, Igualdade Racial, apoio comunitário e para fiscalização da atividade policial, Dra. Maria Fernanda Araújo. Também foi realizada uma oitiva que vai dar início às investigações dos fatos.

“Estamos diante de um caso gritante, que mostra como o estado é desumano e racista, um menino negro pobre, morre numa UPA, seu corpo é enviado ao IML, este, mesmo identificando o corpo não informa a família e está, só fica sabendo da morte de Kauã 39 dias depois, buscando essa informação a partir de uma ligação de pessoa desconhecida. Por demorar tanto tempo, o caixão teve que ser lacrado. Nem o direito ao luto foi garantido para sua mãe, família e amigos. Para aqueles que dizem que é um caso isolado, este foi o quarto homem negro desta família, que embora por motivos diferentes, foi enterrado com caixão lacrado.”, disse Léo Péricles.

“Seguiremos juntos à família buscando justiça por Kauã e para que, tendo as respostas do que aconteceu, busquemos caminhos para que casos como este, jamais voltem a acontecer!”, acrescentou.

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