Jovem fotógrafo do DF eleva a auto-estima das mulheres pela fotografia

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Jovem fotógrafo do DF eleva a auto-estima das mulheres pela fotografia

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As vezes uma oportunidade é só o que a gente precisa para mudar a vida. Com jovens negros essa premissa é ainda mais forte. Em várias comunidades Brasil afora muitos talentos são desperdiçados. Luiz Henrique Ferreira, de 19 anos, nasceu em Brasília e graças  a um programa chamado Jovem Expressão desenvolvido pela Rede Urbana de Ações Sócio-Culturais, o  jovem conseguiu descobrir sua verdadeira vocação: a fotografia. Seu trabalho se tornou popular nas redes sociais e inclusive foi destaque no badalado blog americano AfroPunk. Confira nosso papo com ele.Confira essa entrevista para o site Mundo Negro

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Por Silvia Nascimento

Mundo Negro: Como a fotografia surgiu na sua vida?
Luiz Henrique –
Aprendi a fotografar em uma oficina de fotografia que é oferecida pelo programa Jovem de Expressão um projeto desenvolvido pelo R.U.A.S. (Rede Urbana de Ações Sócio-Culturais) e ministrada pela Tatiana Reis, fotógrafa de cultura e espetáculo. Foram 3 lindos meses de oficina, porque eu sempre quis estudar fotografia mas os cursos são bem caros então essa oficina me deu esperanças de seguir um sonho que eu tinha há anos. Ao final da oficina, a Tati (nossa mentora) deu a ideia de montar um coletivo de fotógrafos e daí surgiu o Coletivo Expressão, formado por jovens fotógrafos e estudantes de fotografia. O Coletivo Expressão me proporcionou muita experiência como fotógrafo e pessoal, nós conseguimos expor no Metrô de Brasília, fotografamos para a revista que foi publicada na França, vários festivais bem conhecidos, cada um tem sua poesia, e isso acaba influenciando no trabalho e um aprendendo com o outro. Nesse período de aprendizagem eu me encontrei fotografando espetáculos e pessoas, eu gosto de ouvir histórias, a cada ensaio eu aprendo algo novo.

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MN- Quando você começou a usar a foto como “militância” para conscientizar as pessoas?
Luiz HenriqueA partir do momento em que eu me afirmei como negro, eu precisava gritar de alguma forma e mostrar que a periferia tem cultura, artistas, que é colorida e vai muito além da visão de violência midiática, nós construímos nossa cultura, história resistimos e lutamos. Tem uma galera que acha uma bobagem isso e vem com argumento de “somos todos iguais”, mas se todos somos todos iguais, quantas vezes você sofreu racismo?

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Como você tem sentido o retorno do seu trabalho?
Na autoestima das mulheres que eu fotografei, com certeza é a melhor sensação saber que elas se emponderam e se sentem mais lindas com suas tranças, flores e crespos. Vai além de estética. É um ato político, herança e resistência histórica de nossos ancestrais. Não é fácil afirmar sua identidade como negro numa sociedade com uma ditadura eurocêntrica.

 

Qual trabalho deu maior repercussão e por que?
Com certeza quando minhas fotos foram publicadas no AFROPUNK, é um blog de muita circulação, deu muita visibilidade para o meu trabalho, eu ainda não acredito que consegui uma publicação lá. As pessoas me elogiam e eu não sei “onde me enfiar”. Tenho que trabalhar isso em mim. Além do Afropunk o Emicida e Karol Conká publicaram uma foto da minha autoria em suas redes socias.

Cópia de PANTA MAGAZINE 7

 

Você acha que ser negro virou moda? Sim, não e por que?
Sim, turbantes, estampas africanas, cabelo crespo com ditadura de cacho definido. Mulheres negras tem que alisar, cortar, esconder seus cabelos para ser socialmente aceita, enquanto a mulher branca enrola o cabelo para estar no estilo “afro” que virou tendência. Somos sempre lembrados por histórias ruins, e quando resistimos a nossa herança cultural que agrada a classe branca é apropriado e não somos representados. Representatividade importa sim. Porque o negro não está na moda quando nós entramos na universidade? Quando é o genocídio da população negra? Quando querem nos reduzir? Uns preferem morrer ao ver o preto vencer.

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Quais são seus planos e projetos para o futuro?
Meus planos são de poder conhecer o Brasil através da fotografia e levar um pouco da minha poesia para cada lugar com o meu projeto de empoderamento da cultura negra e periférica. Tenho planos de exposição com uma amiga fotógrafa (Myllena Veríssimo) que ainda está em, estudo, e quem sabe um dia fotografar o Afropunk Fest ou trabalhar pra uma revista de arte.

Fotos: Luiz Henrique Ferreira
Modelos:  Loo Nascimento (Dresscoração), Alessandra Cardoso, Nadine Pazini, Vanessa Oliveira, Lua Soares, Kamila Santos e cantora Karol Conká

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