O público negro ficou encantado com a Samara Joy, 23, ganhando o Grammy de “Artista Revelação” no último domingo, 5 de fevereiro. E para além desta artista incrível do jazz, o Mundo Negro entrevistou o músico afrofuturista Jonathan Ferr, referência do gênero no Brasil, para listar outros cantores de jazz que a comunidade negra já pode começar a incluir na playlist.
“Acho extremamente importante redimensionar o jazz para outros patamares. Ela é uma cantora incrível e sua música tem muito frescor e vigor. Isso mostra que o jazz segue atual. É uma música que se reinventa a cada ano que passa. O jazz nunca é rígido”, celebra o artista.
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Jonathan Ferr também trouxe reflexões sobre como o gênero se tornou elitizado no Brasil, diferente dos Estados Unidos, de onde surgiu o jazz. “É uma música libertária, revolucionária, periférica e preta. Isso não pode ser esquecido”, afirma.
Leia a entrevista completa abaixo:
Poderia citar cinco artistas de jazz que você escuta e indicaria para a comunidade negra conhecer?
Existem artistas incríveis. Eu sou muito fã do Robert Glasper, que inclusive ganhou o Grammy também de melhor álbum de R&B. Ele faz uma fusão de jazz com hip hop muito legal; Kamasi Washington, um dos maiores nomes do jazz da atualidade, e que tive o prazer de abrir o show dele em 2019 no Circo Voador (RJ), e em 2022 fiz uma participação no show dele no Queremos! Festival; também gosto muito da Esperanza Spalding; Daqui do BR, tem o som do Amaro Freitas e também do Grupo KIAI.
O que você acha da consagração da Samara Joy como artista revelação em 2023 para o cenário do jazz?
Acho extremamente importante redimensionar o jazz para outros patamares. Ela é uma cantora incrível e sua música tem muito frescor e vigor. Isso mostra que o jazz segue atual. É uma música que se reinventa a cada ano que passa. O jazz nunca é rígido.
Como você avalia o cenário jazz no Brasil? Você diria que tem diferença em relação ao Estado Unidos atualmente?
Sim, tem diferença. Lá, o jazz tem mercado, casas de shows, muitos festivais e um público que consome. Aqui o jazz se elitizou e se configurou como um som feito para uma certa elite pseudo-elitizada. Eu creio que jazz é muito mais que isso. É uma música libertária, revolucionária, periférica e preta. Isso não pode ser esquecido. Minha música, que eu denomino Urban Jazz, tem esse intuito de reconectar as pessoas de fora dessa bolha.
As pessoas negras são as que continuam majoritariamente produzindo e/ou consumindo esse estilo de música?
Nem uma, nem outra rs. Pelo menos não no Brasil. Nos EUA, por ser uma música que nasceu lá, segue sendo feito por pretos, bem como o samba aqui. Aqui o jazz por ter se utilizado, durante muito tempo não deu um holofote potente para artistas pretes nesse segmento. Bons exemplos como Tânia Maria, Johnny Alf, Moacir Santos, entre outros artistas que não tem a visibilidade à altura da obra que entregaram. E por consequente, o público também tem poucas pessoas pretes.
Mas a boa notícia é que sinto que isso vem mudando ano após ano. Vejo cada vez mais pessoas pretes nos meus shows e em outros shows que frequento. Está havendo um boom de artistas de jazz no mundo, fazendo coisas frescas, de vanguarda e cheio de modernidades, e isso inclui o Brasil, principalmente de artistas negres.
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