Quando a HQ “Jeremias-Pele” foi lançada, em 2018, o público teve acesso à uma pérola dos quadrinhos nacionais, concebida por Rafael Calça e Jefferson Costa (roteiro e ilustração respectivamente). A história conseguiu se destacar como a melhor obra da série de ‘Graphic MSP‘ da Maurício de Sousa Produções, ganhando o Prêmio Jabuti de Melhor História em Quadrinhos, em 2019.
Para a sequência, mergulhamos ainda mais no universo de Jeremias, personagem negro mais reincidentemente da Turma da Mônica. O garoto se depara com Franjinha indo para Europa buscar as raízes italianas de sua família e isso desperta em Jeremias a curiosidade sobre as origens de sua família, o que acaba por se mostrar uma tarefa difícil, visto que a família do garoto sofreu o apagamento de histórico ancestral comum a muitas famílias pretas no Brasil.
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A HQ se desenvolve ainda mais comovente que sua antecessora, com uma passagem de dar nó na garganta onde Jeremias e sua avó falam do quanto a escravidão invisibilizou a história das famílias pretas brasileiras. “Alma” continua a discutir o quanto o racismo pode potencializar o sentimento de inadequação de uma criança negra em sua turma, mas não deixa de reforçar a necessidade de conhecer o passado para que se possa tomar o poder nas mãos e elevar a autoestima.
A arte de Jefferson Costa é única e, para quem acompanha os quadros do desenhista vai conseguir reconhecer de primeira a identidade dos traços em outros trabalhos. O texto de Rafael Calça é poesia pura. Junto com “Pele”, “Jeremias – Alma” é obra obrigatória para adultos e crianças pretas, seja qual for o gênero literário preferido.
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