Nem o mercado de influenciadores digitais está livres de práticas racistas. A polêmica dos algorítimos, os ataques na redes desistimulam criadores negros que resistem em plataformas que ainda não os protegem. Somado a isso, uma vez que o influenciador tem um trabalho sólido, na hora de monetizar ele ganha menos, mesmo oferecendo a mesma entrega que influenciadores brancos. Uma pesquisa do Youpix em parceria com o Mundo Negro e outros parceiros confirmou isso em números.
Ricardo Silvestre, CEO da Black Influence e um dos publicitários mais influentes do mercado, conversou com a gente sobre uma outra prática que infelizmente é comum e atinge ainda mais os influenciadores negros: a permuta, ou seja, zero ganho financeiro para quem investe pesado para entregar conteúdo de qualidade para sua audiência.
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Mundo Negro ( Silvia Nascimento) Você acha que influenciadores negros recebem mais propostas como essas? De publicidade em troca de produtos?
Ricardo Silvestre – Infelizmente sim. E é um comportamento de muito tempo do mercado publicitário. De menosprezar e sucatear o trabalho de profissionais pretos, tanto dentro de agências e dentro de empresas do mercado profissionais que trabalham com marketing e comunicação e com influenciadores.
Na minha visão, sim, influenciadores pretos além de receberem menos (como nós já sabemos por conta da pesquisa), são mais procurados sim para propostas que não possuem nem o valor comercial, financeiro agregado. Ele oferece seu serviço tem uma entrega qualificada para sua audiencia, mas ele não é remunerado por isso ele e chamado para fazer parcerias para fazer permutas, como se fosse uma troca de favor.
Depois das reflexões de 2020, você acha que a diferença dos valores pagos pelos jobs entre negros e brancos está mais justa?
Olha, eu acho que houve sim uma mudança, o mercado se mostra muito mais aberto a discutir isso principalmente após a pesquisa que nós fizemos, porque as empresas já sabem que isso é uma necessidade nos conseguimos provar que isso de fato acontece, que a gente precisa buscar essa equiparação, a gente precisa buscar essa equidade, então eu vejo uma evolução sim, principalmente no pensamento das marcas, pelo menos as marcas que eu trabalho estão bem mais abertas a negociar, então eles procuram o valor ideal para o influenciador, para a agência, de acordo com seu engajamento. Na maior parte do tempo nós propomos nosso valor e a agência pode acatar ou não, eu vejo uma pequena evolução pelo menos.
Pode citar exemplos de empresas que foram indecentes em relação à propostas para pessoas do seu casting?
Eu vou citar o mais recente e um dos que mais me incomodou! Era uma campanha de uma marca de amaciante e de sabão em pó. Eles pediram 3 opções de escopo e em todas essas opções eles quiseram pagar com o produto. Uma embalagem de 1 litro de amaciante, uma embalagem de 3 litros de sabão em pó e um valor de R$500 (como se fosse uma ajuda de custo) e o influenciador em questão tem uma audiência incrível um engajamento maravilhoso que bate facilmente quem tem mais de 1 milhão de seguidores.
Isso gerou um mal-estar muito grande pra mim, que nem comentei com ela. Infelizmente acontece de forma recorrente. Eles procuram, querem trabalhar com influenciadores, mas não querem pagar o valor necessário, quanto o trabalho merece e o quanto o influenciador entrega. Então é uma conta que não fecha, eles preferem sucatear o trabalho, desvalorizar o profissional do que investir o valor necessário.
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