Uma mulher de 84 anos foi resgatada de uma situação de trabalho análoga à escravidão após 72 anos trabalhando como empregada doméstica sem receber salário para a família Matos Maia, do Rio de Janeiro. A informação é do jornalista Leonardo Sakamoto.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Previdência, essa é a mais longa duração de exploração de uma pessoa em escravidão contemporânea desde que o Brasil criou o sistema de fiscalização para enfrentar esse crime em maio de 1995. Neste período, mais de 58 mil pessoas foram resgatadas pelo poder público.
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Segundo a fiscalização, os pais da senhora trabalhavam em uma fazenda da família Matos Maia no interior do estado do Rio de Janeiro, e ela foi levada, aos 12 de anos de idade, para a casa da família para servidor como empregada doméstica. Após o falecimento do casal, ela continuou trabalhando para a filha deles e hoje atua como cuidadora dela, mesmo as duas tendo idades semelhantes.
Quando a fiscalização solicitou um momento para conversar a sós com a vítima, o empregador, André Matos Maia, a pegou pelo braço e disse: “você não diga que trabalhou para a minha mãe, senão você vai foder com ela”. De acordo com o auditor fiscal do trabalho, Alexandre Lyra, que coordenou a ação, os empregadores afirmaram que os serviços domésticos não eram trabalho, mas uma “colaboração voluntária no âmbito familiar”.
Segundo reportagem publicada no Uol, uma sobrinha e a irmã da vítima confirmaram a relação de emprego e contaram que a trabalhadora havia se mudado com a família para o Rio sob a esperança de estudar ainda pequena. Segundo elas, o empregador controlava visitas e telefonemas, dificultando o contato com o mundo externo.
O resgate foi coordenado pela Auditoria Fiscal do Trabalho no Rio e contou com a participação do Ministério Público do Trabalho e do Projeto Ação Integrada, que garante atendimento psicossocial. Ela está em um abrigo público sob acompanhamento desde a semana passada
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