Quantos veículos brasileiros vivem se “enganando” nas manchetes ao se referir a um criminoso branco como “estudante, jovem e suspeito” e quando se trata de pessoas negras é “bandido, traficante e ladrão”. A mídia é racista, e uma prova disso é que esse é também um dos grandes problemas no combate ao racismo nos EUA.
A atriz Viola Davis fez um apelo em seu Instagram, analisando duas manchetes diferentes envolvendo um jovem negro assassinado em 2012 e um jovem branco acusado de assassinato em 2020, na qual ao se referir ao negro, a manchete do veículo o criminalizava. Enquanto amenizava para o assassino branco acusado de matar dois manifestantes dos recentes protestos de “Black Lives Matter”
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Manchetes
“Autópsia revela que Trayvon Martin tinha traços de maconha no momento da morte” (Trayvon Martin foi assassinado por um guarda branco próximo a sua casa em 2012)
“O adolescente Kyle Rittenhouse suposto atirador, foi visto limpando pichações antes de atirar” (Kyle matou dois manifestantes negros em um protesto contra a violência policial nos EUA)
Debates sobre o assunto
Para o que Viola Davis está tentando chamar atenção é no racismo presente na construção dessas manchetes, enquanto mesmo desarmado Trayvon Martin (negro) foi assassinado em seu bairro por um guarda branco, os veículos noticiaram o caso de forma que os vestígios de maconha no corpo “justificassem” o assassinato do jovem.
Já mesmo após ter sido preso pelo assassinato de duas pessoas e com comprovações de porte ilegal de armas Kyle Rittenhouse (branco) é tratado pelo mesmo veículo como “suposto atirador adolescente”.
“Vocês estão em dívida por isso @nypost, vocês são parte do problema. Artistas, nós precisamos boicotar publicações que continuam criminalizando pessoas negras inocentes, mesmo após eles terem sido assassinados pela lei!!! Isso é cruel e traumatizante para os familiares deixados pela vítima. Vocês são cruéis e sem coração!!!”. Desabafou Viola.
No Brasil, a influencer @gabidepretas tem abordado o mesmo tema em um quadro do seu canal no Youtube, onde ela leva familiares de vítimas de violência policial, e debatem sobre as narrativas dos veículos e a luta contra propagação de fake news que tornam a dor dos familiares mais duradoura.
Até o momento, no quadro já compareceram a Bruna da Silva, mãe do Marcus Vinícius, morto em operação policial em 2018 e Anielle Franco irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada em março de 2018. As familiares das vítimas falaram sobre a dificuldade de lidar com o crescimento das fake news que apagam a imagem dos seus entes e os matam outra vez, porém moralmente.
Em um ano marcado pelas lutas do movimento negro, é importante discutir racismo para além das violências físicas, pois muitos conteúdos que consumimos é construído em cima de racismo e desrespeito com pessoas negras. Como Viola pediu, o boicote a esses veículos que não nos respeitam e não respeitam nossas dores é essencial.
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